Abre-cápsulas: nem a Marilyn escapou

É a um engenheiro irlandês que devemos o abre-cápsulas. O fim das cicatrizes também.

O gesto é-nos hoje tão natural como o próprio ato de beber uma cerveja. Uma mão segura o abre-garrafas (ou abre-cápsulas, ou abre-caricas, é quase à vontade do freguês), a outra a própria garrafa, um leve movimento de pressão sobre a cápsula, de baixo para cima, e problema resolvido, de forma rápida e segura. Mas a mecânica da coisa não foi sempre tão simples. Desde logo porque até meados do século XIX a maior parte das garrafas eram fechadas com rolhas de cortiça ou madeira (mesmo as de cerveja). É só por essa altura que surgem as tampas de enroscar.

Quanto às caricas que hoje conhecemos ainda levariam mais 40 anos a aparecer, cortesia de William Painter, um engenheiro irlandês que emigrou para os EUA com 20 anos à caça das oportunidades. Painter registou nada menos do que 85 patentes, entre as quais a da carica em forma de coroa (idêntica à atual) e a do abre-cápsulas com formato de chave de igreja. Entre uma e outra passaram dois longos anos… para os fãs de cerveja – enquanto Painter não inventou uma forma segura de abrir as garrafas, eram facilmente identificáveis pelas cicatrizes que iam acumulando nos dedos. O achado veio, pois, para ficar.

Com diferentes formatos e personagens – nem Marilyn Monroe escapou -, muitas vezes com patrocínios das principais marcas de cervejas (que viam nesses objetos instrumentos privilegiados para se promoverem), os abre-caricas multiplicaram-se em grande quantidade e diversidade. Ao ponto de em 2015 se contabilizarem perto de dois mil estilos diferentes. O gesto, esse, não mais deixou de ser natural.