Jorge Manuel Lopes

A teoria do “yabba dabba doo”


“The Flintstones” estrearam-se em televisão há meio século, a 30 de setembro de 1960, no horário nobre do canal americano ABC. E alcançaram uma popularidade que transcendeu o público infantojuvenil. Os criadores, William Hanna e Joseph Barbera, apontaram personagens e enredos a gente adulta, a mesma a quem se dirigiam os anúncios incorporados no início e no final dos episódios, vendendo comprimidos multivitamínicos One-a-Day ou cigarros Winston.

De uma Idade da Pedra modernizada em que decorre a ação à pacata cidade de Bedrock onde vivem os protagonistas, “The Flintstones” projeta bonomia suburbana. Um quadro idílico, e já distante, de otimismo e prosperidade pós-guerra, com os papéis aparentemente bem definidos: maridos trabalhadores, esposas liberais nos gastos. Fred, o patriarca; Wilma, a esposa; Pebbles, a filha; e Dino, o dinossauro de estimação. Mais os vizinhos e amigos da família Rubbles: Barney e Betty, o descendente Bamm-Bamm e um híbrido de canguru e dinossauro chamado Hoppy.

As seis temporadas originais rolaram até 1966 mas a saga Flintstones estava, de certa forma, apenas a nascer. Ao longo das décadas vêm rolando séries paralelas, longas-metragens em desenho animado e de carne e osso – a mais recente destas últimas, “The Flintstones in Viva Rock Vegas”, também cumpre aniversário redondo (estreou-se em 2000). Hanna e Barbera, que já haviam dado ao mundo “Tom and Jerry” em 1940, prolongariam a história de sucesso com um rol infindo de projetos (“Atom Ant”, “Scooby-Doo”, “The Smurfs”…) até 2001, ano da morte de William Hanna. O parceiro Joseph Barbera faleceria cinco anos depois. Os costumes evoluíram, Fred Flintstone percebeu-o, mas o seu pronunciamento triunfal, “yabba dabba doo”, não se perdeu.