A hipertensão é um problema sério. O que fazer?

Alexandra Bento, presidente da Ordem dos Nutricionistas, deixa vários conselhos (Foto: Freepik)

Em Portugal, a hipertensão atinge mais de 40% da população adulta. O sal tem uma relação causal com a pressão arterial. Não há volta a dar. E o que se coloca à mesa faz toda a diferença.

A hipertensão arterial é um problema de saúde que aumenta o risco de desenvolver outras doenças. A insuficiência cardíaca e acidentes vasculares cerebrais (AVC) são dois desses exemplos. Mais de 40% da população nacional sofre com essa patologia e cerca de 1/4 dos hipertensos desconhece que tem a doença. Há várias causas. Os portugueses consomem o dobro da quantidade de sal recomendada pela Organização Mundial da Saúde, o que agrava a situação. No entanto, esta doença crónica é reversível, nomeadamente com a inclusão de hábitos alimentares mais saudáveis.

A alimentação é o busílis da questão. “A promoção de uma alimentação adequada (completa e equilibrada) surge como uma das primeiras abordagens para a prevenção e tratamento da hipertensão arterial e redução do risco cardiovascular”, sublinha Alexandra Bento, bastonária da Ordem dos Nutricionistas. “É de grande importância procurar o acompanhamento de um nutricionista, de forma a garantir uma abordagem individualizada e a existência da intervenção nutricional adequada a cada indivíduo, face às suas necessidades e características individuais”, acrescenta.

O problema assume relevância no contexto da atual crise de saúde pública e precipita a necessidade de mudar hábitos, uma vez que os doentes crónicos estão mais vulneráveis a doenças infecciosas.

O que ter em conta? Alexandra Bento, presidente da Ordem dos Nutricionistas, deixa vários conselhos:

Menos sal. Limitar a ingestão de sal para os níveis recomendados pela Organização Mundial da Saúde, ou seja, menos de cinco gramas por dia. O sal tem uma relação causal com a pressão arterial.

Ervas aromáticas e especiarias. Há alguns cuidados importantes no contexto alimentar. Utilizar ervas aromáticas e especiarias, citrinos e alho para temperar os alimentos. Retirar o saleiro da mesa.

Batatas fritas e folhados. Evitar alimentos que já trazem sal, como batatas fritas de pacote, enchidos, fumados, folhados, refeições pré-preparadas.

Rótulos. Verificar os rótulos dos produtos alimentares no momento de compra para escolher as opções com menor adição de sal.

Potássio. Aumentar a ingestão de potássio para uma redução da pressão arterial e do risco cardiovascular. Esta recomendação não substitui a recomendação para a redução da ingestão de sal. É possível atingir a ingestão recomendada de potássio através da alimentação, destacando-se como importantes neste contexto, as leguminosas, os produtos hortícolas, a fruta, os cereais integrais e tubérculos e frutos oleaginosos.

Sopa de legumes e estufados. A quantidade de potássio nos alimentos é influenciada pelo processamento e métodos de preparação e confeção dos alimentos, pelo que se deve preferir métodos de confeção que conservem a água de cozedura como, por exemplo, a sopa de legumes e os estufados.

Estratégia. A diminuição do tempo de cozedura dos alimentos e a diminuição da quantidade de água de cozedura e da quantidade de sal adicionado são estratégias que ajudam a minimizar as perdas de potássio.

Fruta no final das refeições. A dieta mediterrânica, com inclusão de leguminosas, hortícolas nas refeições e fruta no final das refeições, afigura-se como um modelo saudável para incrementar o potássio na alimentação diária.

Pobreza nutricional. Não incluir alimentos densamente energéticos e pobres do ponto de vista nutricional que, com frequência, apresentam teores elevados de sal.

Peso. Manter o peso dentro dos limites do Índice de Massa Corporal para “peso normal”.