
A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crónica que afeta as articulações. As dores, normalmente, começam pelas mãos e pelos pés. A perda de massa muscular por atrofia é uma das consequências.
As articulações ficam tão rígidas que os gestos habituais e diários ficam comprometidos. Levantar da cama, abrir uma porta, pegar num copo, vestir, lavar os dentes, trabalhar. A artrite reumatoide condiciona uma vida normal. É uma doença reumática, crónica, inflamatória, autoimune, que se caracteriza pela inflamação das articulações e que pode conduzir à destruição do tecido articular, causando dor, inchaço, rigidez e perda de função nas articulações.
“Os principais sintomas são dores nas articulações, com rigidez matinal e inchaço da articulação, geralmente com calor e rubor. Geralmente as dores iniciam-se pelas mãos e pés, cotovelos, tornozelos e joelhos. A artrite reumatoide pode atacar outros órgãos, tais como coração, pulmões, as glândulas endócrinas, a pele e os rins”, adianta António Vilar, médico reumatologista, secretário-geral e o principal fundador da Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatoide (ANDAR).
A inflamação articular causa edema e dor e, por vezes, rubor e calor
Esta artrite afeta, frequentemente, os punhos e os dedos, mas pode também atingir pés, ombros, joelhos, cotovelos, ancas e coluna cervical. É uma doença que causa rigidez, uma sensação de prisão dos movimentos, sobretudo no início da manhã ou depois de períodos de repouso. Além dos sintomas articulares, pode ainda provocar cansaço, sintomas de gripe, febre, suores, perda de peso e anemia.
Se não for tratada, a inflamação conduz à destruição progressiva das articulações e à perda da sua função. Ao dano articular pode ainda somar-se a perda de massa muscular por atrofia, podendo levar de forma progressiva a dificuldades motoras.
A vida muda e o impacto sente-se a vários níveis. Os doentes podem ter de parar de trabalhar. “A vida social também é muito afetada, nas relações interpessoais, com familiares, cônjuge e até com os filhos e amigos. Nas relações íntimas e na vida sexual, sendo que há mais 30% de divórcios nos casais com artrite do que na população geral”, adianta o reumatologista. “As atividades da vida diária também são muito afetadas com dificuldade em abrir uma porta, pegar num copo, vestir-se, fazer a higiene pessoal. Tem ainda impacto na atividade física, bem como na atividade emocional, ao encararem a vida com frustração, depressão e alterações de humor”, acrescenta.
A doença pode atingir os pulmões e o coração. Pode também associar-se a secura dos olhos ou da boca, devido à inflamação das glândulas que produzem a saliva e as lágrimas
As mulheres sofrem mais. A doença é mais prevalente no sexo feminino, a partir dos 30 anos, e a sua evolução leva à incapacidade física. “A artrite reumatoide afeta mais o sexo feminino do que o masculino (3/1). Geralmente aparece entre os 30 e os 50 anos, mas, também, pode começar aos 18 anos. Embora seja menos frequente, pode iniciar-se em 15% dos casos depois dos 65 anos”, refere António Vilar.
É possível prevenir a artrite reumatoide? “Não, não é possível ainda prevenir, mas podemos fazer a prevenção secundária das complicações e destruições articulares, através de um diagnóstico precoce, que deve ser realizado pelo especialista, neste caso o reumatologista, para que se consiga um tratamento mais atempado, com remissão dos sintomas e dos danos funcionais, dando melhor qualidade de vida ao doente”, responde o especialista. Neste momento, há uma nova classe de medicamentos que atua dentro das células inibindo a atividade de algumas enzimas – e que se tem revelado eficaz na modificação da doença.