
Estudo sobre incontinência urinária revela que a prevalência da patologia está a aumentar. Mais de 75% das mulheres estão em pós-menopausa e cerca de 27% têm infeções urinárias regulares. Neste domingo, 14 de março, assinala-se o Dia Mundial da Incontinência Urinária.
A incontinência urinária é uma doença que provoca a perda involuntária de urina e, muitas vezes, está associada à síndrome de bexiga hiperativa, ou seja, a contração involuntária dos músculos da bexiga, enquanto se enche de urina. O que, normalmente, significa casa de banho ocupada mais de oito vezes por dia e duas a três vezes por noite. A doença tem um grande impacto na qualidade de vida e as mulheres são as mais afetadas. O Dia Mundial da Incontinência Urinária é assinalado neste sábado, 14 de março.
Um estudo desenvolvido pela Unidade de Uroginecologia do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte revela que a prevalência de perdas de urina em mulheres portuguesas é de 35,1%, enquanto a média europeia está entre os 18% e os 42%. Os dados da pesquisa “Incontinência urinária na mulher” serão divulgados neste sábado.
Quase 15% das inquiridas revelam que a doença interfere com cinco ou mais atividades do seu dia a dia
Das 2 226 mulheres inquiridas, 781 confirmaram ter perdas de urina, mas apenas 28% tinham diagnóstico de incontinência urinária confirmado, e dessas só 21% tinham iniciado um tratamento para esta patologia. Os números detetam que a sensibilização não está a penetrar e que a prevenção ainda falha. “O último estudo, realizado em 2008, indicava que a prevalência de incontinência urinária era de 21,4%. Podemos concluir que 12 anos depois a prevalência é muito mais alta do que se pensava e que é necessário consciencializar para a importância do diagnóstico e tratamento da incontinência urinária”, refere Catarina Reis Carvalho, autora do estudo e médica no Hospital de Santa Maria.
Dos 21% casos que já iniciaram algum tipo de tratamento, 19,5% fazem terapêutica farmacológica, 4% realizaram cirurgia e 2% referiram ter utilizado outros métodos, nomeadamente a fisioterapia. Por outro lado, 12% das mulheres afirmam que conseguiram curar a incontinência urinária e 22,4% referem ter tido melhorias significativas com o tratamento.
Os dados recolhidos neste estudo apontam ainda para potenciais fatores de risco. Verificou-se que 80,2% das mulheres que afirmam sofrer de perdas de urina tiveram pelo menos um parto vaginal, 76,2% estavam em pós-menopausa, 27,3% garantem ter infeções urinárias de repetição, 15,2% tinham sido submetidas a histerectomia. Além disso, 14,3% fumavam e 8,2% eram obesas.
Segundo os médicos, a incontinência urinária não deve ser vista com uma consequência normal da idade
A doença tem impacto e é necessário e urgente sensibilizar para a importância de um diagnóstico precoce e um tratamento adequado. “Atualmente já existem vários tipos de tratamento para esta patologia e, por isso, não há motivo para continuar a sofrer em silêncio. A incontinência urinária não deve ser vista com uma consequência normal da idade com a qual as pessoas têm de viver, na maior parte dos casos tem tratamento ou é possível fazer algo que melhore muito a qualidade de vida”, adianta Alexandre Lourenço, responsável pela Unidade de Uroginecologia do Hospital de Santa Maria.
O estudo revela que o impacto da incontinência urinária depende do grau de aceitação e adaptação à doença, sendo maior nas mulheres com menos de 60 anos. Ainda assim, 14,6% das inquiridas afirmam que a doença interfere com cinco ou mais atividades do seu quotidiano.
A urgência e vontade súbita de urinar, a necessidade de urinar com frequência, a perda voluntária de urina quando se sente uma necessidade repentina de ir à casa de banho, são os principais sintomas associados à bexiga hiperativa. Situações que levam muitas pessoas a sentirem vergonha e isolarem-se.