Anda irritado? Com dificuldade em concentrar-se? Parece-lhe até que essa ansiedade tem vindo a piorar? Se calhar o melhor é ficar atento a estes hábitos que podem estar a agravar o seu quadro.
PESSIMISMO
Afirmações carregam o poder de programar a mente subconsciente até criar o acontecimento de que tanto falamos. Problema: também funcionam pela negativa, pelo que quanto mais repetir “ai que estou tão stressado”, “não vou dar conta de tudo” ou “não aguento tanta ansiedade”, mais nervoso ficará. Experimente fazer antes afirmações positivas como “eu consigo fazer isto” e “já me estou a acalmar”: são do melhor para lembrar que está nas suas mãos decidir o que quer para si.
CAFÉ A MAIS
Sim, aquele café pela manhã e depois do almoço garante um boost de energia precioso: a cafeína chega ao cérebro em 20 minutos e bloqueia a absorção de adenosina (neurotransmissor que diz ao cérebro que estamos sonolentos), livrando-nos do cansaço. Porém, um estudo da Universidade de Michigan avisa que o facto de a cafeína estimular o sistema nervoso central e aumentar o estado de alerta faz o coração sofrer efeitos associados à ansiedade como tonturas, tremores, falta de ar, dor de cabeça e batimento cardíaco irregular. A moderar também o consumo de chá preto e bebidas energéticas.
GORDURA SATURADA
Comer pizza, batatas fritas e gelado sabe bem e traz-nos conforto, mas pelos vistos é um conforto aparente, a avaliar por um estudo da Universidade de Montreal, no Canadá, que descobriu que ratos alimentados com excesso de gordura saturada manifestavam elevados níveis de ansiedade. Isto tudo porque essas gorduras causam inflamações no organismo, prejudicam o sistema nervoso e libertam cortisol (a chamada hormona do stress). Atenção que excesso de açúcar refinado também aumenta a ansiedade, sobretudo quando o efeito altamente prazeroso da dopamina se dissipa no organismo.
COMER A CORRER
Como se a nossa vida já não fosse suficientemente stressante no geral, ainda conseguimos acrescentar-lhe um pouco mais de ansiedade ao agarrar no almoço e devorá-lo em cinco minutos, a pensar no tempo que estamos a perder ali sentados, sem fazer disso uma pausa para mastigar com calma o que temos no prato e relaxar. No final também não vai ser a sensação de estômago embrulhado com que ficamos a deixar-nos mais tranquilos.
REDES SOCIAIS
É um facto consumado: o Facebook, Instagram e demais redes sociais são ferramentas úteis e de muitas virtudes, mas também afetam a nossa saúde mental, afirma uma pesquisa realizada pela instituição de saúde pública Royal Society for Public Health, do Reino Unido. Além de as taxas de ansiedade e depressão terem aumentado 70 por cento nos últimos anos – sobretudo na faixa etária dos 14 aos 24 anos, em que se contam 90 por cento de utilizadores –, os jovens apresentam fraca autoestima, sono deficiente e medo de ficarem de fora dos principais acontecimentos e tendências.
NOTIFICAÇÕES
O que nos traz diretamente a este ponto concreto das notificações a apitarem-nos em permanência nos telemóveis, num aviso de que temos mensagens novas no e-mail, no WhatsApp, no Messenger, no Facebook, no Instagram: não só a cabeça não para, como se gera uma sensação de urgência que nos impede de relaxar. Por muito que lhe custe, abrande o ritmo e permita-se uma pausa. É para o seu bem.
EXCESSO DE NOTÍCIAS
Estar informado é bom, mas não quando tentamos acompanhar todas as notícias ao mesmo tempo. Pior ainda? Quando a maior parte das que nos chegam são violentas, com imagens cruas capazes de provocar em quem as vê sintomas idênticos ao transtorno de stress pós-tramático – com índices de ansiedade acima da média –, muito comum em militares que viveram situações reais de conflito.
POUCO SONO
No sono são repostos os níveis fisiológicos e feitas atualizações orgânicas críticas. Processam-se emoções, suportam-se os processos criativos, integram-se e consolidam-se memórias e aprendizagens. Existem correlações importantes entre o sono, a expectativa de vida e os níveis de bem-estar físico e emocional, pelo que passar vários dias a dormir menos do que o necessário fará com que o organismo interprete essa falta como um fator de stress crónico. Na prática, se já se sentia irritado e incapaz de lidar com essa ansiedade, a tendência é para ficar ainda pior.
AGENDA ATESTADA
“Não somos super-heróis com superpoderes: somos humanos e temos limitações”, sublinha Catarina Gomes, investigadora no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP – da Universidade de Lisboa), especialista em organização pessoal e gestão do tempo. Não estando ao nosso alcance controlar o facto de um dia só ter 24 horas, diz, cabe-nos perceber quais são as nossas prioridades e aprender a dizer “não”, reservando espaço para o que nos realiza e descontrai. Despender demasiado apenas numa área resulta quase sempre em fadiga, ansiedade e depressão.
ATRASOS
Não bebe café a mais mas chega constantemente atrasado a todo o lado? Pois vai dar no mesmo em termos de saúde, incluindo idênticos sintomas físicos de tensão, sudorese, aceleração da frequência cardíaca e até insónia e fraqueza do sistema imunitário. De acordo com Alex Lickerman, especialista em cuidados de saúde, são muitas as pessoas sofrem de ansiedade aguda por não saberem se conseguirão chegar a tempo aos vários compromissos. E por muito boa que possa ser uma descarga de adrenalina de vez em quando, os efeitos nocivos no organismo não compensam.