Texto de Ana Tulha
Uma espécie de relógio que nos faz sentir com mais ou menos calor, uma t-shirt que ajuda a controlar o ritmo cardíaco – e a medir as calorias queimadas -, um dispositivo que se põe no pescoço para aumentar a concentração, uma máscara que garante uma noite digna da Bela Adormecida. Não, não é utopia. É o fantástico mundo dos “wearables”.
Dos vestíveis ou dos usáveis, se formos traduzir à letra. Mas o conceito é bem mais abrangente do que isso. Um verdadeiro “wearable” tem de preencher dois importantes requisitos: tem de ser um dispositivo tecnológico que possa ser usado como peça de vestuário ou acessório; e tem de possuir características que o conectem a outros aparelhos ou à Internet.
No fundo, os “wearables” ajudam a construir um ambiente em que a tecnologia passa a estar intrinsecamente ligada a nós, mesmo que não demos por ela. “Em 2019, as previsões apontam para vendas mundiais de 245 milhões de ‘wearables’”, sublinha Bruno Fonseca, responsável pelo portal de tecnologia leak.pt. Em 2030, a estimativa sobe para os 350 milhões. Ou como os números alavancam uma certeza: depois do wireless, dos smartphones, da realidade virtual, também estes dispositivos tecnológicos vieram para ficar.
Mesmo que a realidade dos “wearables” esteja em constante mutação. No caso dos smartwatches, por exemplo, a Apple já tem um relógio (Apple Watch) que deteta com eficácia problemas cardíacos. A primeira de muitas “revoluções” que estão para chegar.
A Apple já tem um relógio (Apple Watch) que deteta com eficácia problemas cardíacos.
“Os smartwatches do futuro serão capazes de fazer um diagnóstico completo de diversas condições de saúde. Para além das medições de tensão arterial e batimentos cardíacos terão a capacidade de detetar a quantidade de açúcar no sangue ou um eventual colapso por parte do utilizador”, garante Bruno Fonseca, especialista em tecnologia.
E as novidades estão longe de se cingir aos “smartwatches”. “Braceletes, anéis, roupa e até implantes serão capazes de fornecer diversas informações em tempo real. Temperatura do corpo, peso… são apenas alguns dos parâmetros que será possível obter”, elucida o editor da Leak.pt. Mas há mais.
Como um dispositivo desenvolvido pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) que se assemelha a um relógio e que, através da emissão de ondas quentes ou frias, consegue enganar o nosso sistema nervoso e aumentar ou diminuir a sensação térmica em até 3° C. Ou uma t-shirt com fios condutores embebidos, que monitorizam o ritmo cardíaco e respiratório. Ou ainda um dispositivo que se coloca na base do pescoço e que, através de ultrassons, “pirateia” as ondas cerebrais, reduzindo o stress e aumentando a concentração.
De resto, a lista é interminável: máscaras que usam inteligência artificial para ajudar a promover um sono perfeito, autocolantes que fazem a calibração da hidratação do corpo, próteses que permitem aumentar as capacidades físicas do utilizador, exoesqueletos que se traduzem em otimização corporal, entre muitos outros.
Daí que Bruno Fonseca não hesite em afirmar que a medicina será das áreas que “mais vai beneficiar com o desenvolvimento dos ‘wearables’”. Até no caso dos óculos de realidade virtual. “No futuro, um médico poderá realizar uma operação à distância, recorrendo a óculos e a luvas com diversos sensores de movimento”, assegura o especialista.