Vera Soares: entender a mente dos outros

Vera Soares, 45 anos, foi um dos 40 alunos que estreou a licenciatura de Psicologia na Universidade do Minho, em Braga. (Foto: Cristiana Milhão/Global Imagens)

Texto de Sara Dias Oliveira

Dá aulas na Universidade de Newcastle, Reino Unido, como professora catedrática. Dedica-se à investigação, supervisiona dissertações de licenciatura, teses de mestrados, trabalhos de doutoramento. É presidente da Sociedade Europeia de Psicologia da Saúde que tem cerca de 700 membros e assento nas Nações Unidas, como Organização Não Governamental, com o estatuto de especialista.

Coordena esta estrutura que tem quatro jornais e um blogue traduzidos em muitas línguas, atividades e iniciativas, uma conferência anual que aconteceu no início do mês em Dubrovnik, na Croácia, com cerca de mil delegados de várias partes do Mundo. “Os meus dias nunca foram e nunca são aborrecidos”, confessa.

Dias intensos, focados em perceber comportamentos e formas de agir. “A investigação que faço e os estudos que desenvolvo são para que as pessoas vivam melhor e a sociedade seja capaz de tomar melhores decisões.” Para tentar mudar atitudes menos benéficas na área da saúde. “O que faz as pessoas pensarem de determinada maneira sempre me intrigou.”

No final do Secundário, tinha três áreas debaixo de olho: Física Astronómica, Bioquímica e Psicologia. Optou por Psicologia e estreou o curso na Universidade do Minho, em Braga. Licenciatura de cinco anos numa turma de 40 alunos. “Foi uma experiência fantástica com os docentes.”

Segue para o mestrado e depois para o doutoramento na mesma faculdade, até que chega o convite para ficar. Dá aulas, envolve-se em projetos de investigação, dedica-se também à prática clínica na universidade. Entretanto, surge a oportunidade de ir para a Universidade de Aberdeen, na Escócia, Reino Unido, para um projeto de saúde com cinco faculdades. Em 2006, com 33 anos, faz as malas, muda de país e agarra o desafio.

Em 2010, muda-se para a Universidade de Newcastle, para o nordeste de Inglaterra, que dedica muito do seu tempo a investigar fatores associados à privação económica e o impacto nas escolhas e nos cuidados de saúde. Integrou-se no dia-a-dia académico, percebeu que não havia degraus hierárquicos vincados.

“O Reino Unido, de facto, tem uma tradição centenária, mas tem uma tradição positivista de investigação. Toda a gente é tratada por igual. Sente-se na pele o respeito mútuo, o respeito por quem a pessoa é, o que vai fazer, o que traz para a equipa”, enaltece Vera Soares, de 45 anos, natural de Vila Verde, Braga.

A paixão por pesquisar e virar um problema do avesso à procura de soluções não esmorece. “Gosto de investigar, de estudar, de aprender, de fazer muita coisa”, diz.

Nos seus tempos de juventude, em Vila Verde, ajudava no que podia como voluntária. Fazia parte de uma associação de defesa dos animais e da natureza, andava pelas escolas a explicar aos mais pequenos a importância da sustentabilidade, desdobrava-se em iniciativas, era também voluntária no ATL da igreja.

“Pensava no que podia fazer para melhorar o que estava à minha volta”, recorda. Queria contribuir para o bem comum. Os valores humanistas sempre tiveram a máxima importância na sua vida. No seu país, no Reino Unido, em qualquer parte do Mundo.