Texto de Pedro Emanuel Santos
Ao italiano Galileu Galilei (1564-1642) são atribuídos alguns dos avanços mais revolucionários para a humanidade. Um deles foi o telescópio, primeiro instrumento que permitiu ao Homem alcançar visualmente movimentos astronómicos. Foi com base nessa invenção que nasceram os primeiros binóculos. A ideia foi que se pudesse ter acesso a um instrumento quase tão poderoso como o próprio telescópio, mas mais portátil.
O segredo foi a combinação de uma objetiva convexa com uma lente côncava. A patente foi registada no início do século XVII – corria o ano de 1608 -, quando o alemão naturalizado holandês Hans Lippershey pensou e criou os primeiros aparelhos do género, julgando-os de extrema utilidade para que as tropas da Holanda pudessem observar as movimentações do exército inimigo de Espanha, com quem à época travavam a chamada Guerra dos 80 anos.
O processo era útil, sem dúvida, a forma é que nem por isso. Lippershey limitou-se a colocar dois telescópios lado a lado, o que limitava de forma substancial a portabilidade de tal aparelho, que se queria eficaz no transporte.
Desde então que, percebida a extrema utilidade dos binóculos e as suas potencialidades, várias fábricas francesas, italianas e alemãs os passaram a produzir. Com dois senãos: continuava por acertar a melhor maneira de os carregar sem que se tornassem pesados e faltava encontrar uma fórmula que desse às lentes mais profundidade de alcance sem que fossem pouco nítidas, quase foscas.
O processo foi-se aprimorando e é atribuída ao francês J.P. Lemiére, em 1825, a invenção dos binóculos tal qual os conhecemos hoje: portáteis e com lentes capazes de alcançar nitidamente muito do que o olho nu não consegue visualizar.
Não foi preciso esperar demasiado para que a popularidade dos binóculos se multiplicasse. E para que se multiplicassem, também, as suas especificidades e utilidades. Por exemplo, passaram a ser adotados por quem faz do mar vida frequente, por soldados em cenários bélicos, por apreciadores da natureza. E até, como ressalta de personagens literárias ou cinematográficas, por indivíduos que se dedicam a espiar o que não devem, vulgo voyeurs. Também se tornaram populares em salas de teatro e ópera e, embora mais raramente, em estádios de futebol, nas mãos de espectadores ávidos de melhor perceber o que se passa no relvado.
Os binóculos são, enfim, regular e eficaz auxílio para quem necessita de ver mais além do que a própria vista alcança. Dos que podem ser comprados a preços que não são por aí além de exigentes – até os há à venda a pouco mais do 50 euros -, aos mais elaborados, que podem ultrapassar os mil euros. Sempre com a garantia de qualidade assegurada por objetivas que podem variar entre os 50 e os 70 milímetros.