Testosterona: a epidemia silenciosa que explode

Foto: Maria João Gala/Global Imagens

O abuso e uso irregular de testosterona e outros esteroides anabolizantes por um jovem ator que correu perigo de vida está a chocar o país. A NM foi conhecer o submundo que agora se destapa onde circulam estas drogas de ginásio. É fácil comprar e vender, já o sabíamos. É muito perigoso, pode ser fatal, consumir. Vários usuários explicam como é, médicos enquadram a questão. Todos concordam que é preciso muito mais informação.

O corpo de Fernando, 41 anos, consumidor e dealer de testosterona, metandienona, trembolona e outras substâncias sintéticas esteroides anabolizantes, é o melhor cartão de visita para a sua ocupação de vendedor no mercado paralelo: bíceps e tríceps de volume muscular espetacular, peito e dorsais de gladiador, quadríceps e músculos da perna maciços, glúteos firmes como ferro capazes de provocar inveja a qualquer mulher.

Fernando (o seu nome completo, assim como o dos depoentes seguintes que também consomem estas substância fora do mandatário contexto clínico, é ocultado a pedido do próprio) começou a consumir aos 20 anos quando no seu círculo de amigos e conhecidos, que inclui seguranças, polícias, bombeiros, atletas de culturismo e adeptos de desportos direcionados para o músculo, a intensidade e a força, ele era sempre o que tinha o corpo mais franzino.

“Parecia um franganito e não gostava disso. Um amigo de ginásio orientou-me, comecei a comprar e a meter testosterona, depois outros produtos estimulantes e aumentadores de músculo, procurei mais informação, comecei a orientar amigos e hoje tenho uma carteira de clientes que ultrapassa as duas centenas”, diz ele com satisfação.

(Foto: Rui Oliveira/Global Imagens)

Ele é uma pequena empresa unipessoal, tem lucros que triplicam ou mais o seu investimento, não paga impostos, diz nunca ter tido qualquer stress com a sua atividade de dealer e mantém uma vida social muito acima da que lhe permite o emprego oficial na construção civil. “Mas não sou parvo, não ando por aí, como vejo muitos, com grandes carros e grandes algazarras, a espadanar ou a meter fotos de férias no Facebook a armar, convém termos sempre alguma humildade.”

Facilidade gritante

“É muito fácil vender estas drogas – sim, são drogas, causam dependência psicológica, física nem tanto, está estudado e provado – se tiveres contactos no mundo dos ginásios, farmácias, ervanárias ou lojas de suplementos vitamínicos, que são os principais locais por onde circulam estas substâncias, mas principalmente os ginásios.” E Fernando explica, sempre com um sorriso, onde vai buscar as substâncias e como as vende.

“É muito fácil, compro diretamente aos fornecedores que tenho em cidades do Norte e em Lisboa – nesta altura Portugal é um dos principais centros europeus de produção de testosterona, garanto eu, Portugal e Espanha, mas Espanha tem leis mais duras sobre o tráfico e a contrafação do que nós – e mando vir por via postal, CTT, DHL e outras assim. Mando vir principalmente da Índia e dos Balcãs, e agora às vezes também de Inglaterra, é conforme estiver a relação entre a libra e o euro, mas agora com isto do Brexit a libra tem vindo a descer e compensa encomendar para lá.”

A venda “é direta, em mão, sempre com dinheiro vivo e o meu principal ponto de anúncio é na Internet – a net, a grande net sem vigilância, abriu um imenso mundo de possibilidades ilegais -, em concreto no Facebook e no WhatsApp, também estou nesta rede social porque os brasileiros a usam mais”.

Diz ser consciente, Fernando, que também é conhecido no seu círculo como “o doutor” ou “o enfermeiro” devido ao conhecimento que há anos anda a acumular. “Só vendo a maiores, isso é uma regra minha. E depois explico sempre bem o que é preciso fazer antes e depois de tomar, além de que dou dicas sobre alimentação limpa e exercícios obrigatórios de manter. Sim, nada disto da testosterona funciona se não lhe deres certinho pelo menos duas horas por dia de ginásio a treinar.”

(Foto: Rui Oliveira/Global Imagens)

O dealer tem, como todos, uma opinião sobre o caso infeliz de Ângelo Rodrigues. “Primeiro, o ator parece ter cometido todos os erros: injeção mal dada e em local impróprio, substância adulterada ou fora do prazo, falta de acompanhamento médico durante os processos. Foi certamente mal aconselhado por algum amigo da onça.”

Depois, sentencia: “Para atingir o volume de músculos que o ator exibe não era necessário usar testosterona ou qualquer outro esteroide, não é uma massa muscular exagerada. Aquilo consegue-se com exercícios físicos orientados, muito ginásio, alimentação limpa e direcionada e um estilo de vida saudável que não inclua álcool, drogas, açúcar ou sal”.

Mau exemplo de Ângelo usado no Brasil

Esta é a publicidade que Ângelo Rodrigues não desejaria: o caso alegado da má administração e uso indevido de testosterona injetável por parte do ator de 31 anos, internado desde 26 de agosto no Hospital Garcia de Orta, em Almada, está a ser usado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia numa campanha de dissuasão contra o uso e abuso de esteroides anabolizantes.

Tapando o nome e a cara do ator da SIC, aquela associação científica promove este mau exemplo nos alertas da campanha “Bomba Tô Fora” (o Brasil designa por “bomba” o cocktail de substâncias esteroides commumente usado para ganhar músculos exagerados como os dos culturistas) e divulgou esta semana, a letras vermelhas, no seu site institucional: “Caso dramático acontecendo nesses dias em Portugal de necrose e infeção generalizada por uso de testosterona injetável. Que casos semelhantes não aconteçam mais. Fica o alerta: os danos são maiores do que os ganhos!!!”.

E resume as manchetes que têm acompanhado o artista de televisão: “Entrou em choque séptico, está internado em estado grave com infeção generalizada e em risco de perder uma perna”; “Já sofreu três operações urgentes, paragem cardíaca revertida pela equipa médica, entrou em coma, fez hemodiálise por falência dos rins e luta pela vida”; “Ator de TV submetido a tratamento hiperbárico para evitar amputação”. A campanha “Bomba Estou Fora” vai chegar a Portugal em dezembro e será divulgada para a população geral através da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia.

Doses 100 vezes superiores

Davide Carvalho, presidente da referida Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, diz que ainda não estamos em alarme social, mas que o contexto nos deve preocupar.

“Temos observado o consumo crescente de androgénios por diversas razões. O culto de uma certa imagem corporal pseudo-atlética com hipertrofia muscular e sem tecido adiposo, o aumento do culturismo, o mito de que a terapêutica androgénica tem efeito anti-envelhecimento e a tentativa de melhores resultados desportivos, particularmente em modalidades amadoras em que o controlo anti-dopagem não é tão apertado, tem contribuído para esta generalização. Vivemos uma sociedade em que o parecer importa mais do que o ser, a imagem assume para alguns uma importância superior às qualificações, à integridade psico-social. O alcance desta imagem a qualquer custo contribui de forma marcada para tal. É uma situação desafiadora que exige maior atenção das entidades públicas mas está longe de ser um alarme social.”

(Foto: Rui Oliveira/Global Imagens)

O endocrinologista revela que “há doentes que usam androgénios em doses que são dez a 100 vezes superiores às doses de substituição hormonal” e que o aumento de casos de morte súbita entre jovens poderá estar ligado ao consumo destas substâncias: “Dado que estes medicamentos causam arritmias, podem ocasionar morte súbita e provocar situações de morte inexplicada em alguns jovens.” E ainda sobre o abuso dos usuários: “Não consigo facilmente compreender, mas a nossa sociedade é cada vez mais repentista e imediatista e por isso queremos êxito imediato em vez de ponderar os danos a longo prazo”.

Davide Carvalho vê o quadro negro. “Infelizmente tenho recebido muitos doentes com alterações hepáticas, renais e hipertensão induzidas pelos esteroides anabolizantes. Usam esquemas muito complexos de anabolizantes, gonadotrofinas, anti-estrogénios, análogos de hormonas hipotalâmicas. Autênticas bombas ao retardador. Procuro ajudá-los a parar mas porque são funcionários de segurança ou culturistas é difícil conseguir a adesão completa e o abandono destas práticas. É difícil, mas não impossível”, avisa.

Defendendo muito mais e melhor informação para travar esta epidemia silenciosa – “Não conheço nenhum estudo sobre o tema, mas penso que a nossa literacia em saúde em geral e em particular nesta área é péssima” -, Davide Carvalho está a fazer a sua parte: “A Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo lançou uma campanha de alerta para o uso indevido de substituição hormonal, nomeadamente de androgénios, como fármacos de rejuvenescimento ou anti-envelhecimento. Agora estamos a preparar uma campanha para a problemática do uso incontrolado de androgénios. Além disso, iremos iniciar uma campanha de prevenção junto dos ginásios e das escolas para evitar que os jovens iniciem a sua prática”, diz.

Deixou de tomar e não quer voltar a cair

Gustavo, 27 anos, PT de profissão com curso universitário numa cadeia de ginásios de classe média-alta (um PT é um treinador pessoal e designa-se pela iniciais invertidas do nome em inglês) garante que “as substâncias anabolizantes circulam por todos os ginásios do país”.

E “nem tem que ser com o conhecimento dos donos ou gestores ou até dos PTs, há muita gente inscrita em ginásios que só vai lá promover contactos, lançar o boca-a-boca e depois vender. Sim, a prática está infelizmente generalizada e é extremamente comum”. É “tráfico, vou ser franco, não tem outro nome e isto dos esteroides devia ser tratado da mesma forma que drogas como a cocaína ou a heroína”.

Gustavo, cuja consciência agora mudou, diz já ter “orientado um ou outro amigo de confiança” mas garante “nunca ter vendido”. Revela depois que já consumiu durante seis anos uma média de 100 euros por mês em hormonas e outras drogas estimulantes e de crescimento corporal – e diz que até é poupado “porque normalmente gasta-se 200 ou 300 ou mais, depende da ambição muscular de cada um”.

“Mas, faz agora um ano, parei. Parei porque me confrontei com as contradições destas drogas. Comecei a tomar para ficar mais corpulento, maior, mais bonito, mais desejável, mas depois caía-me o cabelo, tive ataques graves de acne na cara, nas costas e no peito, andava irritado e agressivo sem saber porquê e comecei a sentir que às vezes perdia vigor sexual. Ora, nada disso é bom, nem bonito. Por isso assumi o que se estava a passar comigo, falei com o meu médico, programei o desmame com diminuição gradual das substâncias e depois parei.”

Davide Carvalho, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia. (Foto: Rui Oliveira/Global Imagens)

A saída foi limpa e não foi custosa. “Tens que manter, evidentemente, o teu treino em níveis intensos, regular bem a alimentação e, claro, ter força de vontade para sair, até porque vais notar um aumento de sinais depressores. Mas consegue-se sair limpinho, limpinho, basta querer.”

Mulheres com micro-pénis

Para usuários intensos ou prolongados, o “limpinho limpinho” não é bem assim: os efeitos secundários do consumo de testosterona e demais esteroides androgínicos anabolizantes, que incluem tumores, hipertensão, problemas coronários e no desempenho sexual, podem manifestar-se muitos anos depois da administração no corpo.

É o caso de Ana, 41 anos, técnica de marketing e que vive com um culturista amador. Ela confessa: “Fui incentivada por ele, ele tem o culto do corpo, o corpo é um templo que devemos adornar e eu que gosto dele fui atrás”. Consumidora intermitente por cerca de dez anos, parou de tomar já há três mas, diz depois com franqueza, “continuo a perder cabelo, que está rarinho, vejo as minhas mamas mirrar, que nem me importa muito porque gosto de mamas pequenas, mas o pior é que me cresceu”, e aqui ela faz uma pequena pausa, desvia por momentos o olhar, “cresceu-me o clitóris um bocadinho a mais”.

E continua. “Não foi muito, um ou dois centímetros, diz o meu médico que sabe que eu consumi, há mulheres, disse-me o médico também, a quem lhes pode crescer entre sete a dez centímetros, o médico diz que aí se chama àquilo mulheres com micro-pénis.”

Apesar destes efeitos adversos e de ter que tomar outras substâncias que compensem o que perdeu ou ganhou mal por consumir, Ana admite voltar a tomar as substâncias sintéticas. “Não sei bem explicar o que é, é uma paixão que me chegou e ficou em mim, sinto-a desde há muito, partilho-a com o meu homem. Este ano já não vai dar tempo, mas para o ano quero tentar voltar a competir no Power Expo, um dos maiores festivais de Portugal.”

Sempre de tupperware atrás

O culturista diz uma sentença: “O corpo é uma máquina e a máquina tem que ter bom combustível e bons óleos se queres que ela atinja uma boa performance de velocidade e resistência”. Ele chama-se Augusto, tem 47 anos, é o companheiro de Ana, e já está inscrito no Power Expo – Muscle and Fitness Festival, que decorre a 12 e 13 de outubro no Complexo de Ténis da Maia e congrega centenas de atletas de fisioculturismo e milhares de adeptos de músculos e ginástica de resistência.

A página de Internet do evento promete “uma edição histórica e memorável”, um “acontecimento épico e inesquecível” com a “nova parceria com a dinâmica organização e federação WABBA Portugal” – WABBA é o acrónimo de World Amateur Bodybuilding Association e foi criada pela lenda do culturismo Serge Nubret em 1975, após o concurso Mr Olympia realizado em Pretória, ganho pelo agora ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger. Serge Nubret, francês a quem chamavam o Pantera Negra e tinha peitorais, dorsais, músculos braçais e abdominais de espantar, escreveu livros, foi ator e morreu com 72 anos em 2011 após ter entrado em coma irreversível, “mas diz-se que morreu de causas naturais”, diz o culturista entusiasta Augusto, admirador do artista negro cultor do corpo.

(Foto: Maria João Gala/Global Imagens)

Agora ele está a falar, já repetiu que “sim, no culturismo 99% dos atletas usa as substâncias químicas, sim são uma droga, é esse o nome”, e olha duas vezes para o relógio e depois diz que tem que interromper porque tem que comer. Procura no saco que traz sempre consigo um tupperware, tira-o, abre-o e começa rapidamente a comer peito de frango cozido sem sal e arroz.

“O culturista tem sempre que comer mesmo que não tenha fome, é assim”, diz ele em garfadas apressadas, pedindo desculpa por falar a mastigar. “Não posso comer as comidas normais das pessoas normais, tenho uma dieta proteica muito regular, horários rigorosos, como sempre de duas em duas horas, cinco vezes ao dia como sólidos, duas vezes por dia bebo batidos líquidos intensos com 300 gramas de claras de ovo, 100 gramas de aveia e 30 gramas de proteína.”

E depois Augusto confessa, conformado mas sem pena aparente: “Ainda no mês passado fui a um belo casamento e não comi nada do banquete, nem as carnes, nem os mariscos, nem bolo, nem champanhe, nada de doces nem do que lá estava. Levei a minha marmita e foi salmão cozido e arroz tudo o que comi”, diz ele, revelando depois a sorrir: “nós somos conhecidos pelos homens do tupperware, andamos sempre com a nossa marmita atrás. Tem que ser assim, até nas férias, é um estilo de vida e foi isto que eu escolhi”, diz ele que já acabou de comer, a pôr as mãos nos quadris, os braços arcados, o queixo a levantar-se por cima do peito protuberante, cheio de orgulho e de si.

Substâncias perigosas e nocivas

Nelson Puga, ex-atleta de voleibol e médico da equipa de futebol profissional do FC do Porto há mais de 20 anos, diz e sublinha que “a testosterona e outros androgénicos e esteroides anabolizantes são substâncias completamente proibidas e abolidas no desporto profissional de competição. Isso é muito claro. Também sabemos que noutras comunidades como o culturismo e certos ginásios se consomem e com muita intensidade estas drogas”.

O clínico do Centro de Medicina Desportiva do Porto diz ter “muita dificuldade em compreender o uso e abuso de hormonas sintéticas fora de um contexto médico específico. São muito perigosas, altamente nocivas para a saúde, mas continuam a ser consumidas, consta que em doses elevadas, ouço rumores, até 50 vezes mais do que as doses recomendáveis”.

Considerando que se estão a deformar os ideais clássicos de beleza humana, Nelson Puga entende que “é chegada a altura certa de sermos pró-ativos e alertar a população sobre esta epidemia silenciosa. Devemos tentar inverter, com educação, formação, esclarecimento científico cabal, esta tendência deformada de beleza ideal”. E diz que é preciso fazer mais: “O problema está instalado, é gravíssimo, é preciso alertar as massas”, e defende a via formativa, “por exemplo com cartazes e campanhas nas escolas e ginásios”.

O doutor Puga também tem acompanhado pelas notícias, ainda que só leia “os títulos das gordas”, a situação do ator Ângelo Rodrigues. “Choca-me. É um jovem que foi à procura de um ideal e sucedeu-lhe, porque foi irrefletido, exatamente o contrário, perdeu a saúde e danificou o corpo. Desejo que se cure, que fique saudável, com as mínimas sequelas possíveis, e que possa usar o seu exemplo infeliz com influência positiva na comunidade em geral.”

(Foto: Rui Oliveira/Global Imagens)

O que é a testosterona?

Hormona natural…
A testosterona é a principal hormona sexual dos homens e a sua produção natural pelo corpo humano tem um papel vital no desenvolvimento de tecidos reprodutores masculinos, como testículos e próstata, assim como sobre o aumento da massa muscular, aumento e maturação dos ossos e crescimento do cabelo corporal. As mulheres também segregam testosterona, mas num nível muito inferior (cerca de oito vezes menos) ao dos homens.

… e esteróide anabolizante
A hormona existe também sob a forma sintética de medicamento esteróide anabolizante em comprimidos, supositório ou solução líquida injectável. A sua compra em farmácia obriga a prescrição médica, havendo apenas três medicamentos que contêm a substância reconhecidos pelo Infarmed, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde. Em contexto clínico é usada para quem tenha produção deficitária da hormona.

É crime para atletas
A lei portuguesa não criminaliza a produção nem a venda de testosterona ou outros esteróides. O seu consumo só é criminalizado em atletas federados, sendo por isso considerada uma droga legal pelo SICAD, o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, integrado no Ministério da Saúde.

Uso indevido na musculatura
Na forma de esteróide anabolizante, a testosterona tem grande circulação no mercado paralelo e é muito procurada por culturistas e adeptos de desporto que desejam aumentar exponencialmente a musculatura. A sua administração em grandes doses provoca crescimentos musculares mais rápidos e mais significativos do que aqueles conseguidos pelo exercício físico, mas há efeitos secundários graves.

Efeitos gerais indesejáveis
Segundo a página de informação ao cidadão do SICAD, o uso de esteróides anabolizantes provoca: arritmia cardíaca, aumento do risco de doença coronária, aumento da tensão arterial, mau funcionamento do fígado, maior possibilidade de aparecimento de cancros, calvície, maior incidência de lesões nos ligamentos e tendões, aumento de irritabilidade e agressividade, e desordens psiquiátricas graves como a depressão. Estes efeitos manifestam-se independentemente da constituição, idade e do género.

Especificamente nos homens
Àqueles efeitos, somam-se, nos homens, outras consequências: atrofia do pénis, atrofia dos testículos, diminuição da produção de espermatozóides, infertilidade, impotência, priapismo (o orgão sexual demora a retornar ao estado flácido), aumento das mamas, acne, irritabilidade da bexiga, perda de pêlos, voz mais aguda, desenvolvimento desproporcional do torso.

Nas mulheres
O uso irregular de esteróides anabolizantes pelas mulheres provoca: diminuição da produção de hormonas, inibição da ovulação, alteração do ciclo menstrual, irregularidades na menstruação, crescimento de pêlos em locais menos comuns, aumento anormal do apetite, diminuição do tamanho dos seios, pele oleosa, rouquidão e engrossamento da voz.