Tecnologia: Vem aí o 5G. O que muda?

Por Ivo Neto

Em pouco tempo, os telemóveis passaram de meros recetores de chamadas ou sms para se tornarem verdadeiros computadores que cabem na palma da mão. Uma evolução intimamente ligada ao desenvolvimento da Internet móvel.

Com o 4G, a velocidade com que navegamos na rua é quase a mesma com que viajamos pelo sem fim de redes em casa – mas tudo pode ser ainda mais rápido do que é hoje.

Dez vezes mais rápido

A Internet 5G é a “next big thing” e em Portugal, à semelhança do resto da Europa, as operadoras de telecomunicações são claras em enumerar as vantagens do novo serviço. “A promessa do 5G assenta em três pilares essenciais: mais velocidade, menor latência e muitos mais equipamentos ligados entre si”, explica a Vodafone.

“O acesso de banda larga será até dez vezes mais rápido e a conectividade mais robusta”, assegura a NOS. Por seu lado, a Altice, responsável pelos serviços da MEO, destaca a potencialidade desta nova rede, “desenhada a pensar nos serviços empresariais”.

Mais do que uma inovação tecnológica, trata-se de uma funcionalidade que abre portas a atividades até agora impossíveis de concretizar. “A condução autónoma ou a telemedicina são dois exemplos que podem vir a mudar a nossa vida”, garante Eliseu Macedo, especialista do Instituto de Telecomunicações da Universidade de Aveiro. “Um segundo faz toda a diferença numa cirurgia à distância ou na segurança rodoviária. Com uma velocidade mais rápida, será mais fácil concretizar estas possibilidades.”

Objetivo 2020

A Comissão Europeia tem definido como objetivo ter uma cidade em cada estado-membro coberta com 5G até 2020. Esse é o ano que a NOS, Vodafone e Altice têm apontado na agenda para o arranque da nova geração de Internet móvel.

Ainda assim, compete à Anacom, a reguladora portuguesa para este setor, dar o primeiro passo. “A Anacom lançou uma consulta pública para auscultar o mercado e avaliar o interesse dos operadores”, revela fonte da entidade.
Até lá será necessário modernizar a forma como o sistema está organizado.

“A implementação do 5G exige a instalação de um número elevado de antenas mais próximas do utilizador, interligadas com fibra ótica, requerendo igualmente investimento em redes fixas”, assegura a Anacom.

Dossiê Huawei

Os últimos meses foram marcados por uma polémica a envolver a gigante de tecnologia Huawei. Foram levantadas várias suspeitas sobre a possibilidade de os seus aparelhos estarem a ser usados pelo governo chinês para espiar os utilizadores.

Nos EUA, foi mesmo aberto um processo judicial. No Reino Unido, foi dada luz verde à empresa para fornecer equipamentos para a rede de dados 5G. A empresa chinesa vai poder participar na construção de infraestruturas como antenas, mas fica impedida de produzir as partes centrais destes sistemas.

Por cá, foi o próprio presidente da República a afirmar que não vê nenhum problema em que a empresa chinesa concorra ao 5G. “Portugal está muito à vontade”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa no final de abril.