Esta semana, nas entrevistas que nunca fiz, temos connosco um homem conhecido por usar casacos polémicos: Manuel Luís Goucha. Para começar, deixe-me dizer-lhe que não tenho nada contra o “Você na TV”, eu até tenho amigos que gostam do seu programa.
Casacos polémicos?! Oiça lá, apresentar-me dessa forma é um bocado redutor, não acha? Eu sou dos mais conhecidos apresentadores de televisão do país.
Eu sei. Aliás, em tempos, o “5 para a Meia-Noite” elegeu-o com a melhor apresentadora de TV em Portugal.
Pois foi, foi uma vergonha, eu até os pus em tribunal por essa terrível infâmia. Foi inadmissível, foram capazes de fazer uma piada politicamente incorreta, devem julgar que a liberdade de expressão serve para tudo.
Mas… Não foi o senhor que, agora, disse que o politicamente correto é muito perigoso e que levou ao seu programa um nazi, que esteve preso por ter assassinado um jovem negro à pancada e justificou a coisa com a importância de liberdade de expressão?!
Pois, mas… ah… pois, mas isso foi antigamente, agora são outros tempos.
Realmente são outros tempos. Agora, na melhor das hipóteses, seria eleito a segunda melhor apresentadora de TV em Portugal.
Não lhe admito! Vou fazer queixa de si ao tribunal dos Direitos Humanos.
Não sei se vai. Olhe que o seu convidado Alexandre Frota disse que vai “destituir os direitos humanos”. Se os seus convidados forem avante com as suas ideias, mandam fechar aquilo. Deixe-me dizer-lhe que por acaso até estranhei não ter apresentado o Alexandre Frota com Técnico Anal. Depois de ter apresentado o Mário Machado, que dava tareias em negros e gays, como uma pessoa que tem opiniões polémicas.
Isso das tareias em gays é um exagero. Tareia levei eu da Cristina em termos de audiências. Acho um exagero tudo isso que se diz do Mário Machado. Pareceu-me um rapaz polido.
Vamos lá ver uma coisa, o Mário Machado é tão fascista que até preenche o Euromilhões com suásticas. Realmente, ali parecia um menino de coro, quando é um matulão que gosta de usar couro. O senhor Goucha devia fazer como eu, que uso uma mnemónica, que é a seguinte: os da cruz direita são os católicos, os da torta os nazis. Ok? E que raio de ideia foi aquela de fazer uma sondagem para saber se Portugal precisava de um Salazar? Sabe que, se fizesse essa pergunta na televisão nos tempos do Salazar, ia preso?
Talvez. Mas sabe que há muita gente que acha que Salazar não era fascista. Aliás, até o falecido professor Hermano Saraiva dizia que Salazar era antifascista.
Eu sei. Aliás, eu tenho a teoria de que Salazar era tão antifascista que não caiu da cadeira, atirou-se.
