Subir ao altar de vestido colorido

Por Ana Mota

“Espelho meu, espelho meu, haverá alguma noiva mais bonita do que eu?” Pode ser uma frase clássica, até um pouco batida, mas representa uma parte significativa de um dos dias mais importantes na vida de uma mulher. No dia do enlace, todas querem estar no ponto: perfeitas e bonitas. Para algumas, a beleza passa por escolher um vestido de noiva colorido, sem preconceitos e com muita personalidade.

Dentro das opções que fogem ao branco há alternativas mais arrojadas, de cores fortes e fora do comum, mas também tons idênticos ao branco que, embora diferenciadores, não comprometem os gostos mais conservadores.

Este ano as grandes tendências nacionais e internacionais são os rosas claros, o pó de arroz e o blush. É dentro destas novidades, apostando na sobriedade e na ausência de excessos, que o estilista Gio Rodrigues desenha o traje ideal para cada tipo de noiva. “Fazer um vestido é um trabalho a dois. Pego nos ingredientes que a noiva me dá e crio algo que encaixe nela. Nunca faço vestidos de noiva para mim”, defende.

Nas lojas do criador, no Porto, Lisboa e também em Barcelona, Londres e Dublin, há mais de 50 modelos disponíveis. Muitos deles são de cores alternativas ao branco, para noivas simples mas que querem marcar pela diferença. “Na nossa coleção temos vestidos de cor completamente tradicionais. Acho que a escolha da cor tem mesmo a ver com a personalidade e a forma de estar na vida”, argumenta.

Os estilistas, que ficam com a responsabilidade de elaborar uma peça de roupa com elevada carga simbólica e sentimental na vida de uma mulher, são claros na explicação. O vestido é o reflexo da identidade de cada noiva. É isso que vai determinar a cor, o tecido e o modelo que cada uma escolhe para subir ao altar. “O vestido tem que estar dentro da personalidade, com o estilo próprio de cada mulher. O nosso trabalho tem que ir ao encontro daquilo que elas sonham”, salienta Maria José, criadora da marca Adelinoivas.

A estilista, que este ano apostou nos tons pérola e em modelos estilo princesa com transparências, também gosta de arriscar e de criar peças que deem nas vistas: “Fiz um vestido rosa-choque e azul para uma feira e não é que uma menina o quis para casar? Ela entrou e deu um grande suspiro: ‘É mesmo este’. Nunca mais me vou esquecer”.

Além de estar presente em várias feiras, a Adelinoivas tem lojas em Penafiel e em Lousada. É lá que recebe as noivas para as provas. “É uma sensação que não há explicação. Quando elas o vestem pela última vez [antes da cerimónia de casamento] e soltam um sorriso, sei que o meu trabalho está feito”, realça Maria José.

“não vou ter coragem de vestir isto”

No momento da escolha do vestido, Marta Gonçalves tinha uma certeza: não queria vestir branco. “Eu e a costureira vimos alguns modelos e gostei de um com pormenores em bordô. Quando dei por mim estava com um vestido dos pés à cabeça nesse tom. Só lhe dizia: ‘Não acredito, eu não vou ter coragem de vestir isto’”.

Mas tanto teve coragem que, a 18 de dezembro de 2004, entrou no Mosteiro da Nossa Senhora do Alívio, em Soutelo, Vila Verde, com o vestido bordô. “O meu pai olhou-me a primeira vez e disse: ‘A tua mãe já me tinha dito que estavas linda mas nunca pensei que estivesses tanto’.” Quinze anos depois, relembra o dia em que marcou pela diferença. “Não sei se mais alguém teria coragem de ir assm vestida. É preciso sobretudo não valorizar a opinião dos outros e ser uma mulher segura.”