Saiba como evitar que o seu filho seja vítima de cyberbullying

Fotos íntimas partilhadas entre namorados que depois se tornam armas de arremesso para vinganças e chantagens, predadores sexuais que usam a Internet para se fazerem passar por quem não são, adolescentes gozados e ostracizados nas redes sociais pelos próprios colegas. Se já ouviu falar em casos destes, estará já familiarizado com a definição de cyberbullying.

Se não está, saiba que o conceito é tão simples quanto perigoso. A ideia, tal como no bullying, é “ofender, envergonhar, humilhar”. Com a diferença que no cyberbullying as ofensas são cometidas através da Internet e das novas tecnologias (telemóveis incluídos).

Segundo um estudo da UNICEF, divulgado no princípio do mês, um em cada três jovens, em 30 países, admite ter sido vítima de bullying online, com um cada em cada cinco a dizer mesmo já ter faltado à escola devido ao ciberbullying e à violência.

Em Portugal, os estudos são parcos e incompletos, mas Tito de Morais, fundador do site miudossegurosna.net, fala num “fenómeno em crescendo”. “Tem sido mais recorrente e tem havido mais queixas, nomeadamente ao nível de extorsão e coação sexual através da Internet”, aponta o especialista em segurança online.

Além dos exemplos clássicos das fotos íntimas que, por retaliação, acabam amplamente divulgadas ou dos predadores sexuais que encontram na Internet um instrumento privilegiado, Tito de Morais refere outros exemplos de cyberbullying. E sublinha as consequências que daí podem resultar.

“Há casos em que as redes sociais são usadas pelos adolescentes para lançar inquéritos sobre a miúda mais feia de um dado ano ou sobre a miúda mais gorda da escola. Ora, se tivermos em conta que estamos a falar de adolescentes, para quem, por natureza, a imagem é muito importante, não é difícil relacionar estes comportamentos com casos de baixa autoestima e até de depressão”, avisa o coautor do livro “Cyberbullying – Um Guia Para Pais e Educadores”, lançado em 2016.

Na publicação, também da autoria de Luís Fernandes e Sónia Seixas, são deixadas dicas para que os pais possam ajudar os filhos a evitar casos de cyberbullying.

  • Definir regras para a utilização das tecnologias de informação e comunicação.
  • Promover o diálogo e o debate sobre o tema.
  • Modelar comportamentos e transmitir valores.
  • Participar na vida escolar dos filhos.
  • Atentar a eventuais sinais de alerta.
  • Criar alertas no Google com o nome dos filhos [permite monitorizar páginas onde estes possam estar a ser difamados ou insultados].
  • Conhecer e usar os dispositivos, sítios, plataformas e aplicações usadas pelos filhos.
  • Ensinar a lidar com a adversidade, promovendo a resiliência.
  • Ensinar a resistir à desinibição e à impulsividade.
  • Promover a empatia e a inteligência socioemocional.
  • Intervir nos casos de cyberbullying.
  • Educar-se sobre o cyberbullying e as tecnologias.