Rui Pedro Pimenta: Foz Côa no mapa

Rui Pedro Pimenta lidera a Associação Juvenil Gustavo Filipe, que há 14 anos se desdobra em várias iniciativas. O Côa Summer Fest é a mais mediática. (Foto: Igor Martins/Global Imagens)

Texto de Sara Dias Oliveira

Gustavo Filipe era um jovem que queria que Vila Nova de Foz Côa, sua terra natal, sobressaísse no mapa. Morreu aos 19 anos, num acidente de automóvel. Estudava Engenharia Civil no Porto, tinha a vida pela frente. Os amigos não deixaram que essa vontade caísse por terra e juntaram-se para criar a Associação Juvenil Gustavo Filipe, que há 14 anos se desdobra em várias iniciativas.

Sobe ao palco com o grupo de teatro “Os Pantomineiros”, promove torneios desportivos, distingue jovens em diversas áreas numa gala anual, adere ao programa Erasmus+, participa nas festas da cidade e em momentos de reflexão e debates e organiza o Côa Summer Fest, festival de música gratuito que vai a caminho da 9.ª edição.

Este ano, acontece de 1 a 3 de agosto, com Supa Squad, Deejay Telio, Estraca, Francisco Murta e DJ Dadda no cartaz. Além dos concertos, há atividades culturais e desportivas e festas nas piscinas municipais. O campismo também é gratuito e, desta vez, terá mais espaço devido à elevada procura nas edições anteriores.

Rui Pedro Pimenta, 27 anos, é presidente da associação que tem mais de 30 elementos, dos 14 aos 70 anos. “O Gustavo partiu, é sempre marcante quando um jovem perde a vida, e, de forma muito genuína, nasceu a associação para realizar o sonho do Gustavo: dinamizar a cidade e colocar Foz Côa no mapa”, enfatiza.

Há muita coisa para fazer nesse território com cerca de 3 500 habitantes, a duas horas do Porto – valorizar a região, envolver os mais novos na comunidade ou promover um festival que no ano passado juntou cerca de cinco mil pessoas e que já atravessou fronteiras do concelho e do distrito, com patrocínios de peso e amplitude nacional. “O verão não é só praia” é o slogan do Côa Summer Fest. E não é por acaso.

“Queremos fugir à velha máxima, que ainda é uma realidade, que tudo tem de acontecer no litoral.” Por isso, arregaçam-se as mangas para mostrar que Côa está viva. “Acabamos por marcar a tendência cultural do meio, mostramos o nosso trabalho fora de portas, aumentamos o grau de exigência. Estamos num patamar diferente, sem esquecer o porquê de termos fundado a associação.”

Cumprir o sonho de Gustavo para que Côa não desapareça no mapa e seja um centro de oportunidades para os mais novos. “Queremos muito que os jovens olhem para Foz Côa e percebam que Foz Côa tem muito para lhes dar – e não venham apenas para passar férias”, acrescenta.

Mora no Porto, trabalha em Aveiro, vai com regularidade a Foz Côa, onde é jogador de futebol federado. Licenciou-se em Gestão, tirou o mestrado em Marketing, na Universidade de Coimbra. A parte social da gestão prendeu-lhe a atenção, mais do que a área analítica, ligou-se ao movimento associativo. E regressa sempre, depois de ter saído da zona de conforto, de ter feito as malas, primeiro para estudar, depois para trabalhar.

“Foi um aperto muito grande, um desafio que fez parte do crescimento.” Volta sempre, porque tem Côa no coração. “Foz Côa é regressar a casa, é sentir-me no meu espaço, é regressar à zona de tranquilidade, onde me sinto bem, onde estou com a família e com os meus amigos de infância, tão importantes na construção da minha personalidade.” Côa no início e no fim de tudo.