Rosa para menina e azul para menino? Nem sempre foi assim

Texto de Ana João Mamede

A cor rosa não foi sempre relacionada com o sexo feminino, tal como o azul não era uma cor de menino. No início do século passado, acontecia exatamente o inverso. Chegou a hora de colocar o preto no branco e descobrir porquê.

O azul era associado à delicadeza e, portanto, uma cor feminina. Por sua vez, o rosa, pela semelhança de tom ao vermelho e ao sangue, transmitia a ideia de força e era uma cor masculina.

Jo B. Paoletti, autora do livro “Pink and Blue: Telling the Girls from The Boys in America” (em tradução livre, “Rosa e Azul: diferenciando as meninas dos meninos na América”), declara que até à Primeira Guerra Mundial os tons que permaneciam nas roupas das crianças eram os pastéis.

Um questionário realizado em 1927, em que a revista Time pretendia saber a cor que os lojistas associavam a cada sexo, não encontrou unanimidade nas respostas. Ainda segundo Jo B. Paoletti, só depois da Segunda Guerra Mundial é que surgiu a viragem nas cores. O conceito de igualdade de género vingou definitivamente. Azul para meninos, rosa para meninas.

Vivendo numa sociedade extremamente estereotipada, as crianças são desde cedo embebidas numa cultura que as “obriga” a seguir as opções dos mais velhos. Produtos universalmente conhecidos e populares, como a Hello Kitty e a Barbie, convidam as meninas a utilizar cor-de-rosa para parecem e se sentirem femininas.

Em meados do anos 1980, com a origem das ecografias, o sexo dos bebés passou a poder identificar-se antes do nascimento, levando a que os pais começassem a comprar a roupa das crianças em função da cor que era associada a cada sexo. Os negócios dos enxovais de bebé estabeleceram aí, de modo categórico, a separação entre as cores azul e rosa. Antes disso, usava-se, maioritariamente, o branco, independentemente. Geralmente, depois de os bebés nascerem, eram escolhidas cores que ligassem com a fisionomia da criança. Por exemplo, bebés de olhos azuis vestiam… azul.

Um estudo realizado em 2011, pela Sociedade de Psicologia Britânica, analisou que cor é que os bebés e crianças com idades entre 7 meses e 5 anos preferiam. Até ao primeiro ano de vida, os objetos cor-de-rosa foram escolhidos de forma idêntica pelos dois sexos. É, unicamente, a partir dos dois anos e meio que o favoritismo pelo rosa brota nas meninas, ao mesmo tempo que os meninos começam a rejeitar objetos dessa cor.

Os bebés aprendem por imitação e a inclinação para o rosa por parte das meninas, a partir dos dois anos e meio, pode ser explicada pelo reconhecimento de género que é transmitido pelos adultos e que acabará por influenciar as crianças.