Raquel Varela: “Não tenho medo de pessoas que usam e abusam do poder”

Foto: Pedro Rocha/Global Imagens

Por Sara Dias Oliveira

Vejo bem… Temos as qualidades dos nossos defeitos e os defeitos das nossas qualidades. Tenho uma grande ética do trabalho, para o qual sou profundamente disciplinada. Creio que adquiri isso de uma longa tradição familiar, de pessoas que têm muita honra e muito respeito pelo mundo do trabalho. Sou muita romântica. Acho que o amor é o motor da História, só depois vem a luta de classes. Sou muito corajosa. Não tenho medo de pessoas que usam e abusam do poder. Não tenho medo de um primeiro-ministro que usa o exército contra grevistas. Não tenho medo de ficar só a defender uma ideia, desde que a ideia seja justa. Sou muito dedicada à família, apaixonada. A minha mãe diz que sou desobediente. Não sei se é virtude, se é defeito. Saber estar, saber agir coletivamente, é muito importante. Defender convicções, mesmo que ficando só, também é central.

Vejo mal… Sou muito medrosa. Tenho medo de coisas simples e banais. Tenho medo de conduzir e da trovoada, por exemplo. Sou excessivamente voluntarista. E impaciente. Por vezes, deixo-me submergir pelo trabalho. O trabalho tornou-me uma pessoa mais séria do que devia. Às vezes, devia ser mais descontraída nas relações sociais. Acredito muito nas pessoas. Isso, por vezes, tem alguma ingenuidade. Mas acho pior viver com cinismo. Mais vale errar do que não acreditar.