Vejo bem… Gostar de ter aprendido a gostar de mim. O autoconhecimento é moroso e também pode ser doloroso. Apesar de ter vivido num meio de holofotes nunca permiti que essa luz efémera me cegasse. Ter um conceito de justiça grande e que é basilar na minha estrutura como pessoa. Gostar de música. Crio bandas sonoras para todos os passos, movimentos, momentos. Não ser uma desistente, apesar de poder ser mal interpretada, porque sou permissiva e tolerante. Sinto orgulho porque acredito que, desde criança, não faço diferença entre as pessoas. Ter um conceito de perfeição profundamente imperfeito, e isso reflete-se por exemplo no tipo de estética que aprecio. Acreditar que todos podemos e devemos ser melhores amanhã. E que todos os direitos adquiridos são também os nossos deveres.
Vejo mal… A frustração de não perceber o conceito de tempo da maioria das pessoas. Tenho o meu próprio tempo. E é abstrato. Querer fazer tudo e muito em poucas horas. Enerva quem me rodeia porque é uma velocidade aterradora para uma pessoa que aparentemente é calma. Não saber dizer que não. Gostaria de o ter feito mais vezes, tantas que já lhes perdi a conta. Não gostar de muitas pessoas ao mesmo tempo num mesmo espaço, isolando-me. Provavelmente, passo uma imagem exterior de antipatia. A verdade é que não sou muito sociável. Preciso de tempo e espaço. Acordar cedo e repetir horários. É um defeito assumido. Não gostar da forma como as pessoas se estão a tornar excelentes juízes em relação aos outros e péssimos advogados da sua própria índole.
Empresária
43 anos