Querido, mudei o barco

Este foi o primeiro barco objeto de remodelação integral por parte da Neptune Devotion (Foto: Maria João Gala/Global Imagens)

Cada barco é um barco. Tem as suas características e as suas necessidades que, por vezes, vêm à tona. Dar uma nova vida a um veículo que navega em águas calmas ou turbulentas significa um olhar cirúrgico e múltiplas tarefas. Umas mais miudinhas do que outras. Umas mais visíveis, outras mais ocultas. Parece simples, mas não é. Escolher o visual, substituir materiais, transformar interiores, mudar instalações elétricas, pintar, tratar de acabamentos, pensar em novas soluções de deck, mudar tudo ou só uma parte. Sempre à vontade do freguês.

A Neptune Devotion (o nome explica-se a si mesmo) garante que é a única especialista na arte do refit de embarcações de recreio até 55 pés em Portugal. Remodela e constrói barcos num estaleiro situado no Terminal Sul do Porto Comercial de Aveiro. Surgiu há dois anos como uma startup industrial focada numa intervenção de alto a baixo, do início ao fim. “Temos um serviço que inclui remodelações completas e de forma integrada. Identificámos esta oportunidade de negócio num país que tem uma tradição naval tão grande e que se foi perdendo”, adianta Jorge Martins, fundador e diretor-geral da empresa.

Este foi o primeiro barco objeto de remodelação integral por parte da Neptune Devotion (Foto: Maria João Gala/Global Imagens)

Um barco, um projeto, toda a gestão associada. Reparar ou melhorar o design dos componentes em fibra de vidro, serviço de engenharia completo ou um ligeiro upgrade, pintura em estufa, decoração interior e exterior com acabamentos de luxo. Trabalho especializado, trabalho interligado entre as várias etapas. “Temos pessoas bastante capazes e competentes, fazemos uma reabilitação profissional com acabamentos de primeira qualidade. Olhamos para o barco, vemos o que há de estrutural para alterar, por vezes são coisas invisíveis como a parte elétrica, e há ainda a parte estética”, detalha Jorge Martins.

O núcleo duro da Neptune Devotion tem sete pessoas e aumenta para quase 20 quando há remodelação de barco do início ao fim. O número de profissionais envolvidos varia de projeto para projeto. Designers, mecânicos, engenheiros elétricos e eletrónicos, carpinteiros, estofadores, metalomecânicos, pintores, entre outros especialistas, tratam da reabilitação em diálogo permanente.

Quarentão renasce digital

Este foi o primeiro barco objeto de remodelação integral por parte da Neptune Devotion (Foto: Maria João Gala/Global Imagens)

Cada barco tem a sua história e o seu dono as suas preferências. A empresa escuta o cliente e suas ideias, apresenta propostas, simula um orçamento, acompanha toda a transformação. A remodelação pode começar por um total desmantelamento do barco, lixagem completa, reparação de falhas, enchimento de fissuras e buracos, reconstrução do compartimento dos motores, pinturas, montagem dos equipamentos interiores, novos estofos, novo deck, nova tecnologia e, por último, testes de mar.

Foi o que aconteceu no primeiro refit da empresa. Uma embarcação da coqueluche americana, o Chris-Craft Excalibur, de 1979, 40 anos feitos, de produção limitada a 15 exemplares, oito resistentes no Mundo inteiro – e tudo indica que o único barco desta empreitada que ainda navega é o que ganhou nova vida no estaleiro de Aveiro. Seis meses de trabalho, peças históricas, como portas antigas, mantidas durante o processo, um outro visual. Tornou-se um barco digital controlado por telefone.

Dar nova vida a uma embarcação pode exigir seis meses de trabalho (Foto: Maria João Gala/Global Imagens)

A Neptune Devotion trata de tudo, de uma pequena mudança a uma remodelação de monta. Repara coisas simples, moderniza elementos, personaliza o que se quiser. Também é um exercício de criatividade. “Pensar num projeto de refit para o seu barco é uma excelente forma de o requalificar e prolongar a sua vida útil.” Esta é uma das bases da empresa.

Jorge Martins não adianta preços, depende do que o cliente pedir, das variáveis em questão, da complexidade do processo, do tamanho do barco. “Respeitamos prazos”projeto, assegura. A equipa de designers gosta de arrojar, de apresentar ideias pouco comuns, e de usar ferramentas tecnológicas para mostrar o antes e o depois.