Vicente Alves do Ó: “Que a sala de cinema continue a ser a grande casa da nossa reunião como humanidade”

Foto: Diana Quintela / Global Imagens

Vejo bem… A primeira vez que disse “ação” numa pequena curta-metragem em vídeo. Estava em 1994. Vivia em Sines e tinha escrito um pequeno argumento que acompanhava uma peça de teatro com projeção de imagens. A noite e a surpresa quando subi ao palco do São Carlos para receber o Sophia de “Melhor Realizador de Cinema de 2012”, com o filme “Florbela”. Os amigos que fui fazendo nestes 20 anos de Lisboa. Dos amigos que se tornaram família e que me fizeram abraçar a cidade como se fosse minha. A lista de projetos que tenho apontados num caderno antigo, onde sonhava com os filmes e as histórias que queria e quero fazer. E faltam tantos.

Vejo mal… A incapacidade de solidariedade numa classe que continua desunida e que se ostraciza hoje como há 20 anos. Que não haja uma classe política sem medo de investir verdadeiramente na educação de um país, porque nada tem maior retorno do que a imaginação e o sonho de criar futuro. A falta de público nas salas de cinema em prol das novas plataformas. Desejo muito que a sala de cinema continue a ser a grande casa do cinema e da nossa reunião como humanidade.

Cineasta
47 anos