Quando os bichos chegam à terceira idade

Alteração de alguns hábitos diários e aumento da regularidade das visitas ao médico-veterinário permitirão ao seu cão ou gato viver com qualidade durante a velhice.

Os sinais de envelhecimento aparecem de forma subtil. O pelo começa a ficar grisalho, a vontade de brincar vai diminuindo e a de dormir aumentando. Há uma redução da visão e da audição e alterações no peso corporal (ganho ou perda).

Nesta fase da vida do cão ou do gato, é importante introduzir algumas mudanças nos hábitos diários para promover o seu bem-estar e prevenir as doenças associadas ao envelhecimento.

A alimentação deve ser menos calórica para que o animal mantenha o peso ideal, explica Gonçalo Petrucci, médico-veterinário do Departamento de Oncologia do Hospital Veterinário do Porto (HVP), do OneVet Group. “Deve também haver uma diminuição no teor de fósforo e um aumento do consumo de ácidos gordos e de antioxidantes”, aconselha.

Segundo Gonçalo Petrucci, uma vez que o animal está menos ativo e dorme mais horas, o dono deverá permitir que ele passe mais tempo dentro de casa. Não deve forçá-lo a subir escadas, a saltar e/ou brincar, nem a dar passeios longos. Embora seja importante continuar a estimulá-lo ao nível cognitivo e da mobilidade, os exercícios devem ser ajustados à sua nova condição.

A regularidade com que o animal visita o médico-veterinário deve ser maior para despistar eventuais patologias associadas à idade, como as doenças oncológica e cardíaca, disfunção cognitiva e osteoartrite. Nos cães, são também comuns a doença renal, hipertensão arterial, hipertiroidismo e diabetes; nos gatos, a obesidade e as doenças periodontais e endócrinas.

Cuidar de um animal idoso, principalmente quando ele tem uma doença, nem sempre é fácil para os donos. Em vários países, existem clínicas veterinárias de cuidados continuados, “que procuram maximizar o conforto dos animais seniores e geriátricos e minimizar o sofrimento dos animais em fim de vida, através de uma abordagem conjunta com os tutores”, realça Gonçalo Petrucci.

Embora em Portugal o conceito ainda não exista, no HVP foram criadas linhas de orientação de cuidados paliativos e de fim de vida. Todos os membros da equipa estão envolvidos, até porque “muitas vezes são decisões médicas, emocionais e éticas extremamente difíceis”, sublinha o mesmo médico-veterinário.

Sinais de alerta de doença oncológica

De entre as patologias geriátricas mais comuns, Gonçalo Petrucci destaca a doença oncológica, responsável por metade das mortes registadas em animais com mais de dez anos. “É aquela com que no dia-a-dia me deparo com maior frequência e a que, pela minha experiência, mais preocupa os tutores dos animais geriátricos”, refere.

Apesar da elevada taxa de mortalidade, se detetada a tempo, a doença oncológica pode ser curada ou tratada para prolongar em vários anos a vida com qualidade dos animais. O médico-veterinário aconselha os donos a estarem atentos a estes sinais:

• Diminuição do apetite e perda de peso ou dificuldade em comer

• Aumento do consumo de água

• Vómitos e diarreias

• Aparecimento de nódulos ou feridas

• Tosse ou alterações do padrão da respiração