Puzzle: origem, críticas e afirmação

Inventado por um cartógrafo britânico em 1760, resistiu ao ceticismo dos que o apelidaram de “infantil” e é, ainda hoje, diversão de miúdos e graúdos.

A Revolução Industrial era ainda uma realidade embrionária quando o primeiro puzzle de que há registo ganhou forma. Mérito de um cartógrafo britânico chamado John Spilsbury. Reza a história que exatamente em 1767 decidiu fazer um mapa em madeira e cortá-lo em pequenos pedaços. A ideia foi aplaudida, sobretudo pelos mais novos, visto que a invenção do britânico se tornou num brinquedo educacional que resistiu ao tempo – ainda hoje, há, por todo o Mundo, crianças que aprendem geografia enquanto brincam com um mapa feito puzzle.

Só que desde que Spilsbury o engendrou, este objeto de entretenimento conheceu tantos e tão revolucionários “upgrades” que nem o próprio criador o reconheceria. Ainda que, como de resto acontece com quase todas as novidades, tenha tido, a princípio, vida difícil. Foi algures no início do século XX que passou de brinquedo educacional a divertimento para adultos. Com uma boa dose de resistência à mistura. Num primeiro momento, o puzzle chegou até a ser ridicularizado pelos céticos, que o viam como algo “parvo e infantil”. O desamor durou pouco. Num ápice, a nova diversão foi entrando em lares de todo o Mundo, tornando-se um autêntico vício.

Mesmo com um grau de dificuldade acrescido. É que na altura a maior parte das peças era cortada exatamente nas linhas de cores – isto é, não havia peças de transição de duas cores, para assinalar onde terminava uma área e começava outra. Para piorar, os puzzles não tinham a imagem na capa, pelo que, nalguns casos, o tema permanecia um mistério quase até às últimas peças.

Mesmo assim, o novo “brinquedo” fascinava a alta sociedade, de longe a mais habilitada para o adquirir. De acordo com a história do objeto divulgada pela maior loja de puzzles dos Estados Unidos, um passatempo de 500 peças chegava, em 1908, aos cinco dólares, um preço proibitivo para a generalidade da população (naquela época, um trabalhador da classe média ganhava 50 dólares por mês).

Entretanto, foram surgindo os puzzles com figuras e a diversão ganhou nova preponderância após a Grande Depressão, como escape para tempos difíceis. Tanto que, em 1933, nos Estados Unidos, chegaram a vender-se dez milhões de puzzles por semana. O interesse cresceu (e abriu-se a todas as franjas da sociedade) com a chegada dos puzzles de papelão e da produção massiva, que os tornaram acessíveis ao comum dos mortais.

Desde então, o puzzle inspirou tendências passageiras, como a das incontáveis marcas que o usaram como forma de se promover na década de 1930, ou a dos puzzles semanais, para serem montados em “contrarrelógio”. Mas nunca passou de moda. Pelo contrário. Multiplicaram-se os temas, as imagens, os graus de dificuldade e, claro, o número de peças (ver caixa). Na certeza de que, no fim, tudo encaixa.