Presépio, símbolo da vida e obra de arte

A representação do nascimento do Menino chegou a ser visível só aos olhos de alguns. Hoje, está nas casas de quem acredita, antes de tudo, que a família é sagrada.

Saltou dos livros para a realidade. Corria o ano de 1223. A 15 dias do Natal, São Francisco de Assis mandou fazer figuras em argila e uma manjedoura de palha. Pediu um boi e um burro. Reuniu o povo da cidade de Greccio, em Itália, para que todos pudessem compreender o cenário do que teria sido o nascimento de Jesus.

Os anos passaram e os presépios passaram a ser objetos de arte. Feitos pelos grandes mestres. Mas para serem vistos apenas por alguns. Minuciosos e dispendiosos, confinados aos conventos. Só com a extinção das ordens religiosas, no século XIX, a Igreja perde força e os objetos passam a aparecer em leilões e antiquários.

Pouco a pouco, a sua reprodução permite que sejam adquiridos por quem os queira comprar. E assim existem e persistem. Porquê, perguntámos a Alexandre Pais, conservador do Museu do Azulejo. “Porque é o símbolo da família. A chave está no amor que representa. Que nos remete à nossa infância.”

Com isso presente na memória, a escultora Mané Pupo, detentora da marca Rosa Malva, criou o presépio que pode ver abaixo. “Todas as minhas peças criam uma história. Da vida passada. Dos sonhos.” E esta prende-se com a festa de Natal, que todos os anos junta na sua casa mais de cem pessoas de três gerações. A educação católica marca a tradição.

Só depois da missa do Galo é que o Menino Jesus pode brilhar na manjedoura. Enquanto tal momento não chega, é possível acompanhar Maria e José na espera do fruto da vida. “Uma peça que pode estar exposta todo o ano, em qualquer casa, independentemente da crença.” Representa uma família. “Unida por um laço.” E “o Amor é o laço da perfeição.”