Poupar água é um dever. E um negócio

Torneira Greco, da W7

Texto por Joana Almeida Silva

Há o uso e o abuso. De cada vez que se abre uma torneira gasta-se um recurso que é cada vez mais escasso e caro. Em Portugal, cada habitante gasta em média 187 litros de água por dia. Por dia, sim.

Não é de estranhar por isso que o mercado procure soluções que aliviem o peso da fatura e diminuam a pressão gerada em torno deste recurso. Duas das empresas que o fazem são portuguesas. Uma investiu num chuveiro, a outra em torneiras.

Água quente num segundo

Entrar para a banheira e ter imediatamente água quente. É este o desafio a que a empresa Heaboo lançou. Rui Teixeira, fundador, tinha sentido essa dificuldade em casa dos pais e sabia que havia pessoas que usavam baldes para não desperdiçar a água fria enquanto a temperatura ideal não chegava.

A trabalhar na Universidade de Aveiro com materiais de mudança de fase (ou seja, que armazenam o calor), captou investimento para avançar com um protótipo. “Normalmente, o cilindro ou o esquentador estão distantes e a água quente demora até chegar ao local de entrega.

O que fazemos é usar o diferencial de temperatura: a água quente que está a chegar ao chuveiro, em vez de ir para a misturadora, passa na nossa bateria térmica, e enquanto tomamos banho ela gera calor a temperatura constante enquanto carrega.

No dia seguinte, a energia acumulada aquece instantaneamente a água. Abro a torneira e tenho água quente do primeiro ao último minuto”, pormenoriza.

O chuveiro Hotbox, afirma, pode poupar até 500 litros de água por mês, numa casa com duas pessoas. Vendem online e quando o cliente é um particular pedem que faça o teste do balde, porque tempo de espera e caudal não são o mesmo e o chuveiro pode ser personalizado.

Por causa das crises de seca no sul da Europa, Rui Teixeira acredita que o preço da água vai aumentar de forma exponencial para incutir hábitos de poupança. “Tudo o que são sistemas que potenciem essa poupança são geradores de retorno de investimento.”

Torneiras ecoeficientes

As preocupações com a água não estão apenas do lado dos ecologistas. É o que também tem sentido a W7, empresa de torneiras de Braga. “Sendo sempre a parte económica muito importante, os consumidores estão cada vez mais sensibilizados para a parte ecológica.

Sentimos um crescendo contínuo na solicitação de produtos que satisfaçam o requisito da ecoeficiência”, destaca Liliana Mota, CEO da empresa, que anuncia o sistema W7 Eco Touch como capaz de reduzir o consumo em 50%.

“O que permite a poupança de água são componentes como os cartuchos, o perlator com redução de caudal, ou os discos redutores de caudal aplicados nos chuveiros de mão e banheiras.”

A W7 tem investido na criação de novos equipamentos. “A robótica e a tecnologia que temos à disposição permitiu-nos apostar em produtos inovadores, como é o caso das torneiras capacitivas, que são acionadas por aproximação, e mais ecoeficientes.”