Post-it, o lembrete que se cola em todo o lado

Texto de Sara Dias Oliveira

Não aconteceu tudo no mesmo dia. Nem sequer no mesmo ano. Demorou tempo e, na verdade, no início, bem no começo, não se julgava que vingasse no mercado. Um primeiro ano de vendas complicado, depois a distribuição de amostras em Idaho, e a ideia começou a colar devagarinho.

Na década de 70 do século passado, a empresa americana 3M (então Minnesota Mining and Manufacturing Company) estava prestes a revolucionar o mundo dos materiais de escritório. E não sabia. Um bloco de notas com folhas que se desanexam e se colam em qualquer lado tornou-se no mais bem-sucedido lembrete. De várias cores, feitios e formas, o post-it é hoje mais do que uma marca. É um conceito. Anda por toda a parte e é perfeito para lembrar e relembrar as resoluções de ano novo.

Aquela cola suave, que quase passava despercebida, que não deixava vestígios, ia dar que falar. Spencer Silver, químico na empresa 3M, uma multinacional com várias áreas de negócio – setores do escritório e comunicação visual incluídos -, acreditava no seu adesivo que não convencia quase ninguém.

O colega Art Fry, engenheiro químico igualmente da 3M, decidiu experimentar essa cola no caderno de canções do coro da igreja que frequentava, para substituir as fitas que usava para marcar as páginas das músicas religiosas.

Livro aberto, uma página, outra página, voz colocada, fitas no chão. Com o adesivo de Spencer, cantava-se de outra maneira. A partir daí, percebeu que o adesivo tinha potencialidades. Experiências para cá, experiências para lá, e a invenção começava a descolar e a ganhar consistência. Art Fry não desistiu, a ideia tornou-se um conceito e a invenção da 3M, na década de 1980, ganhou uma medalha de ouro pela criação de um produto inovador e rentável.

A base da criação nunca se perdeu, a sua função diversificou-se, e um simples e despretensioso bloco de notas autoadesivo tomou mil e uma formas para se colar em todo o lado, em todo o Mundo. Um lembrete intuitivo e fácil de usar é hoje empregue no que a imaginação quiser. A versatilidade deste auxiliar da memória é uma virtude que lhe cai muito bem.