Pedidos de casamento a que é impossível dizer não

(Foto: DR)

Texto de Pedro Emanuel Santos

O noivo tinha uma ideia em mente e não havia orçamento que a pudesse travar. Imaginou uma festa que juntasse amigos e família, todos trajados de índios, com cavalos, tendas, fogueiras e o mais que fosse possível assemelhar a um acampamento saído dos filmes.

No fim, a mais especial das perguntas à mais especial das pessoas da sua vida, a namorada: “Aceitas casar comigo?”. A resposta foi um sim claro, inequívoco. Com lágrimas de felicidade pelo meio a servirem como testemunho de amor.

O momento foi organizado pela Romã Eventos, uma das várias empresas que nos últimos anos se multiplicaram por Portugal e que têm nos pedidos de casamento foco principal. Sediada em Matosinhos, a Romã Eventos nasceu há dois anos e, desde então, tem ajudado a satisfazer desejos diversos.

“Já tive uma noiva que chegou de rapel a um pequeno altar onde foi realizado o pedido. Ou simples jantares românticos, com decoração à altura”, confirma Rute Carvalho, diretora da empresa. “O que os clientes geralmente procuram é algo que possa ser bastante surpreendente, que fique gravado. Dizem o que pretendem, vamos ajustando detalhes e chega-se a uma ideia final que depois é concretizada”, descreve.

O clássico ajoelhar do noivo, a pergunta da praxe e a oferta do vistoso anel à noiva é cerimonial que ainda vai fazendo escola na hora de pedir a mão da mais que tudo, mas o certo é que, cada vez mais, se vai abrindo caminho para o menos esperado.

“Portugal ainda é super convencional nestas coisas. Há que inverter a situação, tem que deixar de haver o cavalheirismo habitual e as próprias mulheres têm que passar a assumir, elas próprias, o pedido. Mas, parta de quem partir a iniciativa, o mais importante é que o momento seja informal e marcante. Coisas alternativas, que fujam ao formato tradicional.” Quem o diz é Cátia Silva, que imaginou e dirige a Cátia Silva Weddings a partir de Lisboa. “Uma vez, por exemplo, organizei um pedido durante um voo num balão de ar quente em Coruche. Não há impossíveis.”

Golfinhos e velas desfraldadas

Estabelecidas, essencialmente, nas áreas metropolitanas da capital e da Invicta, as empresas organizadoras de pedidos de casamento não resumem as atividades a essas zonas geográficas, realizando eventos em qualquer ponto do país, assim se torne possível garantir os requisitos necessários para que nada falhe em data tão especial. Trabalham quase sempre em parceria com outras empresas necessárias à concretização do evento e não têm orçamento predefinido.

Os pedidos pensados pela Grand’Ideia tanto envolvem tarjas gigantes como enviados especiais

“Tudo depende do pretendido. Tanto pode custar 500 euros como ultrapassar os cinco mil”, indica Ana de Lima, proprietária da Marriage Proposal in Portugal, que organiza programas que podem passar por uma caça ao tesouro, nadar com golfinhos ou passeios à beira-mar nas arribas de Cascais, onde a empresa está sediada.

Pela Grand’Ideia, outra firma do ramo, também já passaram algumas ideias fora da caixa. Como um namorado que se declarou durante um jantar romântico numa gruta, um passeio de barco durante o qual foi recolhida do mar uma boia com um anel de noivado, aviões com a mensagem da praxe, ou uma vela desfraldada num veleiro com a pergunta que as noivas querem ouvir (ou ler).

“Não há limite para a imaginação, os clientes sonham com uma surpresa do tamanho do Mundo e o nosso objetivo é concretizar essa surpresa. Até estrangeiros nos procuram”, diz Joana Lima, diretora-geral da Grand’Ideia, estabelecida em Prior Velho. Com o crescimento das empresas dedicadas à causa do inesperado, multiplicam-se também as formas de dar início a um futuro que se quer eterno.