Patrick Götz: o gestor que leva robôs às escolas

Patrick Götz, 44 anos, nasceu na Alemanha, cresceu no Porto e vive em Lisboa. Tem dupla nacionalidade. (Foto: Paulo Spranger/Global Imagens)

Texto de Sara Dias Oliveira

Nasceu na Alemanha, cresceu no Porto, mudou-se para Lisboa há 11 anos. Tem dupla nacionalidade, formou-se em Administração e Gestão de Empresas, trabalhou numa consultora e numa empresa de veículos pesados industriais, o que lhe permitiu viajar por vários países, fala cinco línguas, e no ano passado decidiu mudar de vida com 15 anos de multinacionais no currículo.

Pela vida, foi-se cruzando com jovens que manuseavam muito bem as novas tecnologias, mas que bloqueavam na hora de apresentar novas soluções, resolver problemas, sair fora da caixa. Percebeu que havia um défice de criatividade por resolver.

Há precisamente um ano, Patrick Götz criou a Teckies para ajudar crianças e jovens a preparem-se para um futuro cheio de máquinas, ecrãs, algoritmos, novas linguagens programadas e codificadas. Desde então, vai a escolas descomplicar matéria e mostrar que é possível ensinar, de uma maneira mais apelativa e com mais graça, os que já nasceram com a cabeça e os dedos na tecnologia.

“Trabalhamos com crianças a partir dos três anos, desenvolvemos competências transversais com a tecnologia do futuro”, explica o gestor de 44 anos. “A nossa visão é democratizar o ensino da robótica e da tecnologia”, acrescenta.

Preparar as crianças do século XXI para um mundo tecnológico através de uma aprendizagem experimental, prática e divertida da programação e robótica. Constrói projetos e desenvolve técnicas para gerar ideias, espevita competências fundamentais para o mercado de trabalho do futuro, lança desafios, espera por respostas, já orientou uma peça de teatro com robôs que juntou alunos desde a criação da história ao desenho do guarda-roupa dos bonecos. “A forma dos miúdos pensarem é completamente diferente da nossa”, comenta.

Patrick Götz tem uma coleção de robôs. Robôs que encaixam com ímanes para permitirem novas construções. Blocos eletrónicos de várias cores, magnéticos e reutilizáveis, fáceis de usar e disponíveis em todas as formas e feitios, das mais simples às mais complexas. Consolas e mapas em tecido, um robô que lê, uma espécie de drone feito de espuma, um robô cobaia que ensina programação, mais um outro robô que incentiva a interação entre os mais novos.

“Usamos a robótica para aprofundar mais um bocadinho algumas disciplinas” e com objetos que “pedagogicamente são mais interessantes.” Trabalha-se a motivação e espera-se melhorar os índices de aprendizagem com a noção de que o pensamento computacional é transversal e útil a todas as áreas do conhecimento.

E não há volta a dar: a literacia tecnológica é essencial hoje e amanhã. O seu método não faz parte do programa em vigor, vai entrando na flexibilidade curricular. A Teckies é um complemento ao ensino que faz questão de abrir novas perspetivas.

Mas o gestor acredita que, um dia, os seus robôs, que são uma lufada de ar fresco para os alunos, sejam aceites e reconhecidos como parte integrante do sistema educativo. E não se arrepende da mudança. “Estou muito satisfeito, trabalhar com miúdos é muito giro”, garante.