Texto de Sofia Marvão
Com o crescente avanço tecnológico, várias empresas têm vindo a apostar em métodos de entrega inovadores. Entre eles está a utilização de robôs e drones, especificamente desenhados para o efeito, algo que se tem mostrado extremamente benéfico, tendo em conta que não poluem o ambiente e praticamente não fazem ruído.
Estes pequenos estafetas eletrónicos já trabalham em alguns hospitais e universidades estrangeiros, onde são utilizados para entregar refeições, e fazem parte dos horizontes de gigantes como a Amazon, a Google e a Uber.
Desde janeiro de 2015 que a empresa de drones comerciais Connect Robotics tem vindo a ganhar algum destaque em território português, enquanto integra o equipamento no espaço aéreo internacional.
Uma parceria com os CTT – Correios de Portugal permitiu testar as diferentes fases de entrega, utilizando um drone em modo autónomo. Foram recolhidos dados essenciais para o desenvolvimento de uma solução inovadora que permita assegurar os serviços de entrega dos CTT.
A 9 de dezembro de 2016 foi realizada a primeira entrega de comida através de um drone, em Penela. Com o apoio da Santa Casa da Misericórdia e da Câmara Municipal, o último morador de Podentinhos, Joaquim Reis, foi o feliz beneficiário da “marmita”.
Também a Farmácia da Lajeosa, em Viseu, passou a ser beneficiada pelos serviços da Connect Robotics, a partir da entrega de medicamentos em áreas remotas. A iniciativa recebeu, inclusive, o prémio Inovação da Associação Nacional de Farmácias.
Os robôs não deixam a desejar. Edgar é o nome atribuído aos equipamentos desenvolvidos pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) que auxiliam na distribuição de refeições aos doentes internados no Hospital de Braga.
Embora ainda se encontrem em fase de testes, os protótipos deverão ser adaptados aos materiais e equipamentos já existentes. A entrega de uma refeição pode ser bem mais rápida com um drone. Se o processo habitual implica, pelo menos, 20 minutos de espera, é possível reduzi-lo para dois minutos. Para além dos drones, os robôs autónomos têm sensores que lhes permitem fazer percursos complexos, como subir escadas.
Apesar de a ideia ser irrevogavelmente interessante, ainda existem alguns aspetos que devem ser discutidos, para além das eventuais avarias e dos atos de vandalismo. Como, por exemplo, a circulação de robôs de entregas nas calçadas, que resultou em protestos e até na proibição dos equipamentos em algumas cidades. A alternativa, que seria colocá-los nas ciclovias, poderá ser ainda mais perturbadora, bem como potencialmente perigosa para os ciclistas. Também importa compreender o clima das cidades, já que as máquinas devem ter a capacidade de trabalhar em ambientes mais quentes, frios ou tempestuosos.
Por fim, mas não menos importante, a permissão para os drones comerciais circularem livremente no espaço aéreo é essencial. A entidade reguladora da aeronáutica de Portugal é a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC). Em 2017, foram registadas 37 queixas por parte de pilotos de aviões no nosso país, forçados a desviar a rota ou a fazer aterragens devido à presença de drones.
Nesse sentido, o Governo anunciou novas medidas. A lei passou a implicar o registo de todos os drones com peso superior a 250 gramas, de forma a identificar o proprietário. Acima de 900 gramas, é obrigatório um seguro de responsabilidade civil, para prevenir eventuais danos causados a terceiros. Outras restrições, como a proibição de voar acima dos 120 metros de altitude ou em zonas de aglomeração de pessoas, sem a autorização da ANAC, também foram impostas. Junto aos aeroportos, os limites são ainda mais apertados e foram definidas multas de 300 a 7 500 euros, para quem os desrespeitar. Para além de uma sanção de dois anos sem permissão de pilotar drones.
A Administração Federal de Aviação é o organismo governamental dos Estados Unidos da América responsável pelos regulamentos e por todos os aspetos de aviação civil no território. O primeiro estado a aprovar o uso de robôs para entregas em solo americano foi a Virgínia. Seguiram-se Ohio, Florida, Arizona e Utah. Recentemente, Washington também anunciou a permissão dos equipamentos. A revelação foi feita após o governador Jay Inslee ter assinado a nova legislação que, aliás, foi entregue por um robô.