Os distúrbios da tiroide dominam o corpo todo

Texto de Sara Dias Oliveira

As estimativas indicam que aproximadamente um milhão de portugueses sofre de algum tipo de distúrbio da tiroide, ou seja, 10% da população portuguesa. Os problemas relacionados com esta glândula são cinco a oito vezes mais comuns nas mulheres e estima-se que aos 60 anos cerca de 17% apresentem hipotiroidismo, o tipo mais comum de doença da tiroide.

A tiroide é uma glândula que está localizada na base do pescoço, na sua face anterior. Tem a forma de uma borboleta, com um lobo em cada um dos lados da traqueia. Controla o nosso metabolismo e é responsável por regular diferentes funções do corpo, através do armazenamento e secreção de hormonas no sangue.

Apesar de tanta informação, ainda existe um grande desconhecimento das doenças e dos sintomas associados à tiroide. Aumento de peso, depressão, falta de concentração, falta de motivação, dificuldades para engravidar ou obstipação, são sinais e sintomas de disfunções da tiroide, mas que facilmente são confundidos com outras doenças.

Mais de 30% dos portugueses desconhecem os sintomas do mau funcionamento da tiroide.

Há várias causas para o mau funcionamento da tiroide. Inês Sapinho, endocrinologista no Hospital CUF Descobertas, em Lisboa, autora do livro “Os Segredos da sua Tiroide”, um guia base dos problemas da tiroide, principais sinais e sintomas, lançado nesta quinta-feira, adianta à NM o que pode acontecer com esta glândula. Os nomes são idênticos, as causas diferem. “O hipertiroidismo ocorre quando a glândula da tiroide produz hormonas em excesso. Quando há um excesso das hormonas tiroideias, o organismo encontra-se ‘acelerado'”. O hipotiroidismo, outra patologia, acontece quando “a glândula da tiroide não produz hormonas em quantidade suficiente para a corrente sanguínea. Este défice compromete o normal funcionamento do organismo”, explica.

Inês Sapinho, endocrinologista e autora do livro “Os Segredos da Sua Tiroide”, fala dos sintomas e causas das patologias da glândula.

Há também as doenças autoimunes que se manifestam “quando o organismo não reconhece a tiroide como parte integrante e começa a defender-se dela, através de anticorpos dirigidos contra a glândula tiroide, que podem estimular ou destruir a glândula.” A Doença de Graves e a Tiroidite de Hashimoto são alguns exemplos. Há ainda o bócio, que é qualquer aumento da tiroide, e os nódulos, os inchaços, quase sempre indolores, na zona do pescoço.

 

A maioria dos nódulos, inchaços, na zona do pescoço, é benigna, apenas cerca de 5% são malignos, ou seja, cancro da tiroide.

Caso não sejam tratadas, as patologias da tiroide podem ter consequências graves. “Por se tratar de uma glândula de secreção endócrina, a tiroide consegue libertar hormonas tiroideias (T3 e T4) para a corrente sanguínea, podendo ocorrer de forma excessiva ou deficiente.” “Seja por excesso ou por defeito, o mau funcionamento da tiroide é capaz de dominar o corpo, dando origem a sintomas como cansaço, mal-estar, stress ou alterações no peso. Estes podem ser sinais claros que a tiroide precisa de uma atenção redobrada”, avisa a especialista.

Não há forma de prevenir estas doenças. Inês Sapinho refere que, no caso de existir história familiar de doenças da tiroide, “é importante uma vigilância regular, de modo a se poder fazer um diagnóstico precoce.” “É útil evitar a exposição a radiações, ao tabaco e a toxinas do meio ambiente”, acrescenta. A escolha do tratamento depende da gravidade da doença, idade do doente e a existência de outras condições clínicas. Atualmente, os tratamentos apresentam uma elevada taxa de sucesso, uma melhoria significativa da qualidade de vida dos doentes.

O hipotiroidismo (produção insuficiente de hormonas) e o hipertiroidismo (produção excessiva de hormonas) são as patologias mais comuns.

25 de maio é o Dia Mundial da Tiroide e o Hospital CUF Descobertas, em Lisboa, desenhou um programa próprio para alargar a forma de pensar o tema e trazer novos públicos. Durante a manhã, a função reguladora da glândula, tão relevante no equilíbrio do organismo, inspira a sessão “A Vida sob Controlo?”, uma mesa redonda com vários olhares, dos doentes e dos médicos, de uma pintora e de um jornalista. Segue-se uma visita guiada por dois cirurgiões às tecnologias que estão na linha da frente do tratamento da tiroide. Há ainda exposição de imagens intitulada “A Atenção às Coisas.” A 30 de maio, no norte do país, tem lugar um círculo de tertúlias com o nome “Tiroide: a Glândula em Forma de Borboleta” na Faculdade de Medicina do Porto.