Uma psicóloga, uma sexóloga e uma terapeuta falam dos sentimentos que a data inspira entre quem a passa sem companhia.
Jantar à luz das velas, noite em hotel de cinco estrelas, almofadas em forma de corações ou até uma viagem surpresa de balão. Para os namorados, o Dia de São Valentim, celebrado nesta quinta-feira, com todo o marketing que lhe está associado, tem muito disto.
Mas e os solteiros, como se sentem nesta data? Depende, claro. Mas os especialistas garantem que as reações mais comuns vão do sentimento de solidão ao desdém suspeito.
“Desde logo temos as pessoas que se sentem deprimidas, porque acham que já deviam ter um determinado caminho e ainda não têm. Sobretudo porque, a partir de dada altura, também há uma pressão, por parte da família, para ter uma relação”, aponta Rosa Amaral, psicóloga clínica.
Sentimentos depressivos que, em dados casos, se acentuam com a idade. Daí que, por vezes, os sintomas depressivos se transformem em ansiedade. “Se tenho 35 anos e nunca tive uma relação duradoura e satisfatória, isso tem mais peso do que não ter alguém aos 22 anos. Nestes casos, há uma ansiedade do futuro”, acrescenta.
Mas há outros tipos de mal-estar. “Há pessoas em que se nota um agravamento dos sintomas de solidão”, salienta Catarina Mexia, terapeuta de casal. No fundo, aquela solidão que anda latente e tende a ganhar força nos dias, ou momentos, em que é suposto estar-se acompanhado: o Natal, as férias, o Dia dos Namorados.
Catarina Mexia refere ainda outros dois sintomas comuns: “Há pessoas em que se nota um sentimento de zanga. Às vezes por não terem, elas próprias, conseguido ultrapassar o fim de relações que foram absorventes e traumáticas e por não terem sido capazes de voltar a estar disponíveis. Para outros, há uma desvalorização da data, mas é um bocado aquilo do ‘quem desdenha quer comprar’ que, no fundo, traduz o mal-estar.”
No meio disto tudo há, claro, os que genuinamente se estão a marimbar para o São Valentim e tudo o que ele representa. “Realmente há pessoas que estão solteiras porque não querem compromissos e olham para este dia como um produto de marketing, que apenas dá vontade de rir. Lidam bem com isso”, constata a presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica.
Patrícia Pascoal chama ainda a atenção para o facto de este dia estar associado a “uma noção muito rígida do que é uma relação”. “Há tantas formas de estar em relação que escapam a esta noção mais comum, da relação monogâmica. Se não houvesse esta noção tão rígida do que é a celebração deste dia, e fosse uma celebração de diferentes formas de amar, havia menos gente triste”, defende.