Os altos e baixos da dor (e como viver com ela)

No nosso país, a dor crónica atinge uma em cada três pessoas. Como lidar com o problema? Seis conselhos de como viver com dor crónica da melhor forma possível.

A dor crónica, que atinge um em cada três portugueses, é um problema de saúde complexo e que exige uma atenção especial da sociedade. O tratamento passa por um acompanhamento médico individualizado e especializado, mas também pela atitude e consciência do próprio doente, para que possa viver o melhor possível. Há estratégias que quem sofre de dor pode aplicar para potenciar a terapêutica e melhorar a qualidade de vida.

Raul Marques Pereira, médico especialista em Medicina Geral e Familiar e coordenador da Consulta de Dor da Unidade de Saúde Familiar Lethes, da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, fala do assunto e dá seis dicas importantes.

1 – Entender o que é a dor crónica
“Uma das maiores ajudas para quem vive com dor crónica é o entendimento daquilo que causa a sua doença. Há diversos tipos de dor crónica com diferentes causas. Perceber o mecanismo que está a causar a dor ajuda a desenvolver estratégias para lidar com os momentos de agravamento. Para além disso, faz com que quem sofre com dor se sinta incluído no tratamento e possa ser o ator principal no processo de melhoria.”

2 – Compreender os altos e baixos da doença
“Na dor crónica podem ocorrer episódios em que a dor piora sem motivo aparente. Esta oscilação leva, frequentemente, a um sentimento de catástrofe por parte da pessoa que sofre, que a sente como um agravamento global da doença. Estas crises devem ser discutidas com o médico, mas é importante que não sejam logo compreendidas como um agravamento da doença. Muitas vezes, trata-se da flutuação normal da doença que pode ser resolvida com medicação específica para a crise.”

3 – Diminuir os níveis de ansiedade
“É sabido que a ansiedade influencia negativamente o controlo da dor crónica e que é um fator para a sua perpetuação. É importantíssimo tentar controlar os níveis de ansiedade em relação aos problemas do dia-a-dia e, sempre que necessário, conversar com o médico sobre esta situação. Um bom controlo da ansiedade leva a uma muito maior eficácia de todas as medidas de controlo da dor.”

4 – Partilhar experiências com outras pessoas com dor
“A partilha de experiências em grupos de pessoas que sofrem com dor pode ser um ótimo método para compreender a doença e aprender novas técnicas para superar os momentos mais difíceis. A solidão na doença pode ter efeitos devastadores no controlo da patologia pelo que esta estratégia deve ser utilizada o mais possível para atingir um bom controlo de dor.”

5 – Ter uma atividade física regular e adequada à dor
“Um plano de exercício físico ou, quando isto não é possível, de atividade física é uma arma poderosíssima no controlo da dor. É essencial que este plano seja altamente individualizado e, por isso, deve ser discutido com o médico. Uma boa rotina de atividade física levará, na maior parte das situações, a um controlo mais rápido e eficaz da dor.”

6 – Conversar com o médico, sempre
“O médico será sempre um dos maiores aliados na caminhada para controlar a dor, podendo ajudar a compreender a causa e quais os melhores tratamentos disponíveis. Por vezes, há necessidade de usar medicamentos com os quais as pessoas não estão familiarizadas o que pode criar receios infundados. O médico esclarecerá todas as questões permitindo que a pessoa que sofre com dor se sinta o mais tranquila possível ao longo do tratamento.”