O mundo numa chávena

O café de filtro mais comum em Portugal é extraído através da cafeteira moka, mas os métodos são diversos, desde os tradicionais coadores de papel ou de pano ao hario v60 e ao chemex.

Café americano, coado, filtrado ou de saco. Locais da especialidade, como o BOP, no Porto (na foto), consideram a designação café de filtro a mais adequada. Bernardo Duarte, empreendedor da torrefatora Sgt. Martinho, prefere chamar-lhe “uma infusão de café, algo mais delicado”. “Como estamos habituados à amargura do expresso, que tem [a espécie] robusta, estranhamos o café de filtro, que idealmente é arábica”, reconhece.

Bernardo aponta o tempo como outro fator que condiciona o consumidor: “O café de filtro extrai-se em dois a sete minutos, dependendo do método e da quantidade que se quer. Um expresso sai em menos de 30 segundos. As pessoas querem uma experiência melhor mas não querem perder tempo”.

Quanto ao café de especialidade, considera que “quem compra tem interesse na qualidade e riqueza do café”, que visa uma troca mais justa. “Pago ao produtor com base na qualidade que me oferece e não consoante o valor cotado na bolsa.”

Diogo Amorim, formado pela Specialty Coffeee Association (SCA) e agora formador na escola Abcoffee, na Invicta, lembra que há cafés de especialidade bons e maus. Definir a personalidade da planta consoante o continente de origem não é ciência 100% exata, pois há que ter em conta o terroir.

Ainda assim, “os que vêm da América Central e do Sul tendem a ser mais doces, achocolatados e com travo a frutos secos. Os provenientes de África são mais frutados e florais e têm mais acidez. Os da Ásia também têm sabores frutados e adocicados, mas lembram mais frutas exóticas e têm acidez mais reduzida”.