O futuro dos carrinhos de bebé é compacto

Texto de Rita Neves Costa, na Holanda

“Quando recebemos um telefonema de um retalhista a dizer-nos que Madonna quer um carrinho, é uma sensação fantástica”, afirma Max Barenbrug à “Notícias Magazine”, na sede da Bugaboo, em Amesterdão. A empresa holandesa de carrinhos de bebé parece ter alcançado tudo: o apreço das celebridades, a confiança dos retalhistas ou a influência global da marca em países tão diferentes como a China e os Estados Unidos. Os ingredientes parecem indispensáveis neste tempo: inovação e design.

Quando fez o primeiro protótipo do produto durante um projeto da faculdade, Max não tinha filhos, mas parecia já conhecer a fundo os problemas dos pais. “Para homens como eu, altos, os carrinhos eram extremamente desconfortáveis”, diz, entre risos, demonstrando como se baixava para conduzir os produtos de então. O projeto foi visto como “extremo”. “Algumas mães perguntavam: ‘Mas isso é confortável para o meu bebé?'”, recorda o cofundador da Bugaboo.

O conforto fez parte das preocupações da empresa holandesa desde o arranque, fosse para as crianças ou para os pais que as transportavam. Numa cidade onde o número de bicicletas é mais elevado do que o de habitantes, Max queria um carrinho de bebé mais compacto, dobrável e colocado como uma mochila para serpentear as ruas de Amesterdão.

O mundo novo e as necessidades de sempre

“As expectativas dos consumidores estão mais altas do que há dez anos”, esclarece Aernout Dijkstra-Hellinga, responsável pelo departamento de design da Bugaboo. “Já as necessidades dos pais são as mesmas: continuam a querer o conforto e segurança dos seus bebés”, acrescenta.

O “mundo novo” introduzido pela Bugaboo a partir de 1999, quando o primeiro carrinho foi vendido, tornou-se mais comum e mais competitivo. A cadeira reversível, a condução do carrinho apenas com uma mão, o desvio e a resistência a obstáculos e as cores mais ousadas já não bastam aos consumidores. “Acho que a missão atual da Bugaboo é essa: ‘O que se segue?'”, explica Aernout à NM.

Não foi difícil para a equipa de design, composta por oito pessoas e apoiada por mais de 100 engenheiros na sede em Amesterdão, entender que os formatos compactos eram os mais esperados. A Ásia é dos mercados mais atentos a esta tendência. “A ideia de combinar bagagem com transporte de crianças está a ser pensada por nós há muito tempo”, enfatiza.

A empresa tem atualmente a fábrica na cidade de Xiamen, na China, onde realiza testes de segurança aos produtos e garante ter assegurada a preservação dos direitos humanos dos trabalhadores. “Já recusamos ter uma fábrica na China há alguns anos, porque o edifício parecia uma prisão”, sublinha o cofundador.

De filho para filho

Em 2002, as vendas cresceram após o aparecimento de um carrinho da Bugaboo num episódio de “O Sexo e a Cidade”. A série de televisão americana, adorada por muitos, lançou os produtos da marca holandesa no mercado dos Estados Unidos, posicionando-a na categoria de lifestyle e moda. “Quando alguma celebridade usa os nossos carrinhos e aparece em revistas, claro que isso ajuda a marca”, confessa Madeleen Klaasen, diretora de marketing da empresa.

A ligação da Bugaboo com os famosos vai sendo escrutinada ao longo dos anos na imprensa cor-de-rosa de todo o Mundo. Muitos queriam saber qual o modelo de carrinho que Victoria Beckham ou as realezas britânica e holandesa escolhiam para os seus bebés e crianças. “O que tem acontecido é que as figuras públicas utilizam os mesmos carrinhos nos segundos e terceiros filhos e isso é um fator de reconhecimento”, avança Madeleen.

A empresa reconhece o custo elevado dos seus produtos (podem ser superiores a mil euros), mas garante que são feitos para as pessoas comuns. “É um investimento com qualidade e as pessoas podem vendê-lo novamente”, realça Max Barenbrug.

Com uma pesquisa na Internet, verifica-se a venda de produtos Bugaboo em segunda mão em várias cidades portuguesas, em plataformas como o OLX. Os modelos novos, por cá, estão disponíveis nas lojas El Corte Inglés mas também em estabelecimentos mais pequenos. “Queremos ser exclusivos e não excluir, queremos ser especiais, mas não queremos afastar ninguém”, conclui Madeleen Klaasen.