O estilo de vida influencia a osteoporose? A resposta estará na serra

Texto de Sara Dias Oliveira

Há perguntas que precisam de respostas para o bem da saúde e da Humanidade. Será que as pessoas, nos últimos anos, têm apostado na prevenção da osteoporose? Será que a maioria dos doentes adere à terapêutica? Será que há uma maior consciencialização para a necessidade de eliminar fatores de risco diretamente ligados ao estilo de vida?

O trabalho de investigação “Osteoporose: Influência do estilo de vida no pré e pós-diagnóstico em utentes da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Seia” acaba de ganhar a primeira edição da Bolsa de Investigação em Osteoporose criada pela Associação Nacional Contra a Osteoporose, Sociedade Portuguesa de Reumatologia e a Sociedade Portuguesa de Doenças Ósseas e Metabólicas. Os vencedores acabam de ser anunciados no Centro de Congressos de Vilamoura, no Algarve.

O trabalho de investigação vai estudar a influência do estilo de vida no aparecimento da doença e na evolução da patologia após o diagnóstico em doentes inscritos na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Seia (UCSP de Seia). O projeto depende de uma estreita colaboração entre a Unidade Local de Saúde da Guarda (ULS Guarda), a Universidade de Coimbra e o Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS). A osteoporose afeta quase 800 mil portugueses e é responsável por cerca de 50 mil fraturas ósseas por ano.

A osteoporose diminui a massa óssea, deteriora a arquitetura do osso, aumenta o risco de fratura

Um estilo de vida saudável previne o surgimento de osteoporose. Nos casos de diagnóstico confirmado, a adoção de um estilo de vida saudável e a adesão à terapêutica favorecem um bom prognóstico. Um acompanhamento profissional assíduo, personalizado e informado é altamente benéfico. Os meios de comunicação social, sobretudo a televisão e a internet, são os mais frequentes veículos de transmissão de informação sobre a doença de que os utentes dispõem. Estas são as hipóteses colocadas em cima da mesa e que serão testadas pela equipa vencedora da bolsa constituída pela bióloga Sofia Santos do CIAS, pelo médico especialista em Medicina Geral e Familiar Miguel Santos, também do CIAS, e pela professora universitária Cristina Padez, da Universidade de Coimbra. São dez mil euros de bolsa para um trabalho de um ano.

A seleção do local do estudo prende-se com diversos fatores que têm a sua importância, entre os quais se encontram determinadas características ambientais, socioeconómicas e demográficas do meio, nomeadamente a elevada altitude, o clima rigoroso, a acessibilidade condicionada por redes viárias deficitárias e por uma muito fraca oferta de transportes públicos, além de meios de subsistência muito ligados à pastorícia, ao fabrico de queijo e ao fabrico de lanifícios.

A osteoporose afeta uma em cada cinco mulheres, depois da menopausa, e um em cada oito homens

Há mais elementos preciosos para este estudo, como as características de interioridade, a tendência para a desertificação, uma população envelhecida, altas taxas de analfabetismo e iliteracia. Um dos objetivos é precisamente perceber se estes parâmetros influenciaram, de alguma forma, o rumo dos acontecimentos no que respeita ao surgimento e ao tratamento da osteoporose que ataca diretamente a resistência dos ossos.

Trata-se de um projeto de caráter interdisciplinar que pretende integrar e correlacionar um amplo espetro de informação sobre o pré e o pós diagnóstico da doença a partir de duas figuras essenciais: o doente e o médico. A investigação pretende expandir o conhecimento na área, bem como projetar novas ideias ao nível da prevenção da doença e da importância de um acompanhamento mais personalizado dos doentes diagnosticados. Sensibilizar doentes, familiares e a comunidade para a doença e insistir na implementação efetiva de uma medicina preventiva são outros objetivos do projeto.