O corre-corre de pais e filhos depois da escola

Há um ano, Alexandra Cruz e Pedro Almeida mudaram-se para Santo Tirso. Maria, Vicente, Olívia e Benedita agradecem. (Foto: Miguel Pereira/Global Imagens)

Rita Pinto, designer por conta própria, e Mário Vicente, que trabalha numa empresa de seguros, têm três filhos, moram no centro de Lisboa. Maria tem 12 anos, anda no 7.º ano, é atleta federada de ginástica artística. É autónoma, anda habitualmente de autocarro, frequenta a mesma escola do irmão Francisco que tem 10 anos, anda no 5.º ano e pratica futebol. Vasco é o mais novo, tem sete anos, está no 2.º ano, tem futebol e natação depois da escola.

A porta do frigorífico tem os horários e esquemas de quem leva, de quem traz. O carro de Rita, de sete lugares, é um “autocarro público”, transporta os filhos, dá boleia a colegas e transforma-se em balneário improvisado para trocar roupas e vestir equipamentos de futebol. É uma risota nos bancos de trás e Rita ri-se com eles. “Sentimos a felicidade dos nossos filhos e é um esforço que vale a pena. O prazer que têm, as amizades que fazem, os benefícios que tiram das atividades que praticam.”

À segunda-feira, Rita sai do trabalho, vai buscar o Francisco, segue para a escola do Vasco, apanha-o e dá boleia a mais quatro colegas do futebol. E é uma dor de cabeça. A rua da escola não tem lugares para estacionar e há fila rua acima, rua abaixo. A Avenida da Liberdade é o sítio mais perto, só que os estacionamentos estão reservados aos hotéis.

Rita não pode abandonar o carro, tem ajuda de um pai ou de uma mãe para a saída dos miúdos da porta da escola à porta da viatura. Partem para os treinos de futebol em Monsanto, a cerca de dez quilómetros. Os treinos começam às 18 horas. Rita está ao volante durante uma hora e dez minutos desde que saiu do trabalho. Às 19 horas, Rita traz o Vasco e alguns miúdos, Francisco continua no treino até às 20 horas, apanha boleia do pai de um colega. Maria sai da escola às 18.45 horas e vai de autocarro para casa.

À terça-feira, Rita apanha o Francisco às 17.15 horas, leva-o a casa, vai buscar o Vasco e dois amigos e seguem para a natação, depois vai para casa porque a volta está assegurada. Maria sai da escola, apanha transporte para a ginástica que começa às 19.30 horas e, às 21 horas, o pai vai buscá-la. Quarta-feira é um dia mais tranquilo. Francisco tem boleia para o futebol, Rita vai buscá-lo às 20 horas, a avó João apanha a Maria e o Vasco. É a noite da família com jantar feito pela avó em sua casa, juntam-se os primos.

“Sempre quisemos que os nossos filhos tivessem atividades depois da escola, são fundamentais para a autoestima, para a autonomia.” (Rita Pinto)

À quinta-feira repete-se a azáfama de segunda. Maria vai à ginástica e cabe a Mário levar a filha para casa. À sexta-feira, Rita vai buscar o Vasco a pé à escola, a tarde é livre, Maria e Francisco chegam depois das 17 horas, de autocarro. De manhã, em dez minutos, os rapazes estão na escola. Às terças e quintas, Mário leva-os a pé ou de carro, antes de ir para o trabalho.

Ao fim de semana, Francisco tem jogos, concentração às oito da manhã. Nesse dia, Maria está na ginástica das 11 às 13 horas. Vasco joga habitualmente aos domingos. Ao longo do ano, Maria tem campeonatos e Sangalhos, a mais de 230 quilómetros, costuma calhar na rota duas vezes. No ano passado, Francisco teve torneio de futebol em Vila Real de Santo António e a família foi ver os últimos jogos. Há ainda os torneios nas férias da Páscoa. Rita e outros pais criaram um grupo no Whatsapp para gerir os dias, os minutos, segundos às vezes, dessas voltas.

Rita e Mário desembolsam quase 200 euros por mês nas atividades extracurriculares, sem contabilizar o que gastam na estrada e equipamentos. Não é isso que mais importa, nem o tempo que dedicam às rotinas extra escola. Fazem-no com gosto e alegria. “Sempre quisemos que os nossos filhos tivessem atividades depois da escola, são fundamentais para a autoestima, para a autonomia. Enquanto tiver capacidade de gerir o meu tempo e de os conseguir levar, continuarei a fazê-lo”, diz Rita, que anda com o computador portátil para todo o lado.

Rita Pinto e Mário Vicente têm um carro de sete lugares e dão muitas boleias aos amigos dos filhos Francisco, Vasco e Maria. (Foto: Gonçalo Villaverde/Global Imagens)

“É uma grande ginástica, não é fácil, é preciso querer muito e, às vezes, parece que o mundo ruma contra nós”, admite. Por isso, é preciso mudar mentalidades. “Há empresas que não têm essa cultura de facilitar a vida nesta parte familiar. Gostamos de atribuir medalhas aos melhores dos campeonatos da Europa, mas esquecemo-nos que esse trabalho começa cedo.”

No ano letivo passado, Margarida Rebordão, engenheira mecânica, e Gil Faria, engenheiro informático, não tinham tempo para respirar. À segunda, à hora de almoço, Margarida, com flexibilidade de horário, ia buscar o filho mais velho à escola, levava-o à música e ao final da tarde ia com os três filhos à natação.

À terça, ia buscar os mais novos, levava a filha à música, apanhava o mais velho, ia para casa, ela ou o marido tratavam do regresso da filha. À quarta, ia buscar os mais novos, depois o mais velho, deixava a filha na música, às vezes ia para casa, outras fazia tempo. À quinta, a mesma rotina de terça. À sexta, piano à hora de almoço do mais velho que tinha música três vezes por semana, aulas a terminarem às oito da noite. Tudo isto com o mais novo no carro, hora e meia no trânsito, era preciso cantar, fazer jogos, entretê-lo.

“Nos últimos dois anos foi muito difícil, muito stresse, muitas horas no trânsito. Não queríamos falhar, não conseguíamos chegar a horas às atividades, num trajeto que se faz em dez minutos demorávamos 40, eram rotinas muito difíceis”, lembra Margarida. Chegar a casa às oito da noite, jantares, banhos, trabalhos de casa. Neste ano, tudo mudou. Os filhos tiveram de escolher uma ou duas atividades perto de casa.

“Nos últimos dois anos foi muito difícil […] não conseguíamos chegar a horas às atividades, num trajeto que se faz em dez minutos demorávamos 40, eram rotinas muito difíceis.” (Margarida Rebordão)

Miguel tem 12 anos, anda no 7.º ano, pratica futebol dentro da escola duas vezes por semana. Catarina tem nove, está no 5.º ano, faz natação uma vez por semana e teatro ao sábado de manhã. Tiago, de cinco, tem natação e futebol. À segunda, não há nada depois da escola. À terça, Margarida vai buscar os mais novos à escola e o marido apanha o Miguel no futebol às 20.30 horas. À quarta, vai buscar os mais novos, que andam em escolas diferentes, e leva-os à natação.

À quinta, não há nada. À sexta, futebol do Miguel e cabe ao pai ir buscá-lo. De dois em dois fins de semana, Miguel tem jogos pelo distrito de Lisboa. Em termos de orçamento, uma vez por ano são cerca de 500 euros para inscrições e equipamentos, depois quase 200 euros todos os meses. “Idealmente, a escola devia providenciar um ensino mais abrangente”, aponta Margarida.

Tiago, Catarina e Miguel tiveram de escolher atividades extracurriculares perto de casa. “Nos últimos dois anos foi muito difícil”, diz Margarida Rebordão. (Foto: Carlos Manuel Martins/Global Imagens)

Nem todas as crianças têm a possibilidade de encaixar outras experiências no horário. Por outro lado, o que se devia experimentar de forma lúdica, como aprender piano ou jogar à bola, tem uma carga pesada, de competição, de avaliação. “Não é tudo tão importante”, frisa Margarida, que acha importante criar uma rede de transportes eficaz para a autonomia dos miúdos mais velhos.

A mudança dá-lhes mais tempo. “Primeiro, resistimos porque queremos fazer tudo, mas há um momento em que não é difícil perceber que o que não é bom tem de ser mudado.”

Os “uber” dos filhos

As atividades extracurriculares permitem desenvolver competências, experimentar novos contextos. “Desde que na dose certa”, avisa Rute Agulhas, psicóloga e terapeuta familiar. “Quer isto dizer que podem tornar-se numa sobrecarga para a criança, quando em demasia. Temos crianças com uma agenda diária bem pior do que a nossa. Escola e depois atividades que, muitas vezes, terminam já depois das 21 horas.” É fundamental descansar, brincar, não fazer nada, estar com a família, tal como escolher atividades em função do que dá prazer às crianças, e não aos pais, doseando a frequência e duração e não esquecendo o sono, o exercício físico, a alimentação.

“Os pais são autênticos ‘uber’ dos filhos, numa correria entre escolas e atividades, que se multiplicam pelo número de filhos. O resultado são pais cansados e que acabam por não aproveitar, também, o tempo do fim do dia para estar com os filhos. Mas estar mesmo, conversar, escutar. E não apenas transportar de um lado para o outro.” A sociedade está pouco preparada para este corre-corre.

Rute Agulhas sublinha o papel dos avós e defende políticas adaptadas às necessidades de pais e filhos que “permitam uma conciliação mais eficaz entre a vida profissional e familiar”. E ainda, acrescenta, uma “menor pressão da sociedade sobre as crianças, que quase exige que sejam boas em tudo, a toda a hora”.

As semanas de Inês Lima e Bruno Queirós são muito agitadas. No entanto, os domingos estão reservados para passear com as filhas Francisca, Benedita e Carolina. (Foto: Rui Oliveira/Global Imagens)

Inês Lima, enfermeira, e Bruno Queirós, polícia, têm três filhas, moram no Porto, compraram um pequeno terreno para estacionar o carro. Uma solução para acabar com as voltinhas à procura de lugar à porta do prédio com as pequenas no carro. Francisca, de oito anos, anda no 3.º ano, e tem ballet à quinta das 18.30 às 19.15 horas e ao sábado das 9.30 às 10.15 horas.

Carolina, a mais nova, tem quatro anos, está na pré-escola e anda também no ballet ao sábado das 10.15 às 11 horas. Benedita, a irmã do meio, tem cinco anos, também está na pré e, por enquanto, não quer atividades. Andam na mesma escola, no mesmo espaço de ballet para facilitar idas e vindas. No ano passado, havia mais a dança da Francisca, mas o tempo e o orçamento não esticam e neste ano está num ATL para fazer os trabalhos de casa sem as irmãs a brincar por perto. Tudo somado, sem despesas de viagem, são cerca de 200 euros por mês.

Aos sábados à tarde, Inês leva a Francisca à catequese. Vão todas. Às 15 horas, há uma pequena missa, todas assistem, meia hora depois começa a catequese. Inês e as filhas Carolina e Benedita vão a um parque, brincam, fazem horas até às 16.30 horas. “Para não andar para trás e para a frente”, explica Inês que está a terminar a tese de mestrado.

Passou os dois últimos anos a estudar, a desdobrar-se, a repartir tarefas com o marido. Abdicou dos turnos, passou para os cuidados de saúde primários, trabalha num centro de aconselhamento e deteção precoce de VIH/Sida. É outro conforto. Inês e Bruno querem que as filhas também cresçam fora de casa, os domingos são para passear.

“Os pais são autênticos ‘uber’ dos filhos, numa correria entre escolas e atividades […] O resultado são pais cansados e que acabam por não aproveitar, também, o tempo do fim do dia para estar com os filhos.” (Rute Agulhas, psicóloga)

“As atividades depois da escola são um incentivo. A Educação Física, por exemplo, é uma atividade extracurricular, não está inserida no plano curricular”, comenta. Inês gostaria de ver mais apoio nas escolas, parcerias com autarquias e piscinas municipais. “Podia haver mais proatividade do Ministério da Educação de complementar outras atividades além do que é básico.”

Em Bragança, Sara Cameira, advogada, e João Cameira, chefe de divisão das áreas de promoção económica e turismo da autarquia, também fazem questão de mostrar aos dois filhos que há vida além da escola, do sofá, da televisão, dos jogos, das paredes de casa. Sara costuma dizer-lhes que “há mais Mundo lá fora”. “As atividades desportivas fazem bem ao corpo depois dos banhos de assento durante o dia.” Ajudam à concentração, à disciplina, ao espírito de equipa, a corrigir posturas. Ocupar parte dos tempos livres e ter prazer são oportunidades a não desperdiçar. “São importantes nesta fase de crescimento.”

Vasco tem dez anos, está no 5.º ano, tem natação à segunda e quarta às 17.50 horas, futsal à terça às 18.30 horas e à sexta às 17.50 horas e jogos aos sábados. Neste ano, vai experimentar o ténis, que encaixou à sexta à tarde. João tem sete anos, está no 2.º ano, pratica karaté à segunda e sexta, às 18 horas, e está a aprender piano no conservatório ao sábado ao final da manhã. A escola não é a mesma, mas é como se fosse, estão separadas por dois minutos a pé. E o trânsito não é um problema. “Em Bragança, é tudo perto, não padecemos dos engarrafamentos e do stresse de uma grande cidade.” De casa à escola, três minutos, até aos espaços desportivos mais dez.

Durante a semana, a família faz questão de almoçar em casa. “Sabe bem a hora de almoço. As refeições em casa são importantes para conversar e para controlar a alimentação”, realça Sara. O casal, sobretudo por preocupações ambientais, usa apenas um carro. Filhos na escola, Sara leva o marido ao trabalho, segue para o escritório, à hora de almoço a mesma volta, ao final do dia o mesmo percurso. As idas e vindas depois da escola são repartidas pelos dois. Ao fim de semana, há jogos do Vasco pelo distrito, a viagem mais longa, até agora, foi a Freixo de Espada à Cinta.

Em Bragança, João e Sara Cameira fazem questão de mostrar aos filhos Vasco e João que também há vida após as aulas. (Foto: Rui Manuel Ferreira/Global Imagens)

Sara e João valorizam o tempo em família, levam os filhos aos parques e jardins, há pouco tempo, num passeio a Rio de Onor, viram um lobo, perdizes e veados. Foi uma festa. “O programa da escola é tão extenso que são sobrecarregados e sobra pouco tempo livre.” Na sua opinião, devia haver transporte para atividades e projetos fora da escola, seria importante envolver instituições de solidariedade social, associações ambientais, para iniciativas além do currículo normal.

Sara dá o exemplo dos sobrinhos que estão em Itália: não têm aulas à tarde, o que permite encaixar outras coisas, não colidindo com os horários dos pais, não sobrecarregando os miúdos. “Favorecer o tempo das famílias é essencial, não se consegue fazer isso quando se têm atividades além das horas de trabalho.” E as crianças de hoje são os adultos de amanhã.

Condenação, pressão, incompreensão

O que se faz depois da escola é um “excelente complemento”, mas é preciso pesar vários fatores, entre eles a carga horária das famílias, a sobrecarga de stresse. Ana Cid Gonçalves, secretária-geral da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN), sublinha mais aspetos: selecionar atividades tendo em conta gostos e aptidões e o compromisso e empenho na frequência. “As atividades não devem ser um instrumento de conveniência para manter os filhos ocupados ou porque não há quem fique com eles”, sustenta.

A comunidade não está adaptada a estas correrias e há questões que têm de ser encaradas e corrigidas. “Não temos uma sociedade preparada para esta ginástica e logística das famílias. O principal problema é o dos horários, que são muito longos no nosso país e aos quais, paradigmaticamente, está associada uma baixa produtividade e baixos salários”. Não é fácil mudar de um dia para outro um paradigma enraizado, mas há esforços que não podem ser eternamente adiados.

A secretária-geral da APFN fala na diminuição de uma hora por dia no horário de trabalho da mãe ou do pai. “Temos famílias que nos dizem que mesmo prescindindo do salário dessa hora conseguiriam poupar, fruto da soma de alguns critérios.” Como o tempo que se perde no trânsito no regresso a casa ou ser preciso pagar para ter os filhos acompanhados ou em atividades.

“As atividades não devem ser um instrumento de conveniência para manter os filhos ocupados ou porque não há quem fique com eles. (Ana Cid Gonçalves, secretária-geral da APFN)

Por outro lado, as mudanças no contexto laboral são lentas. “Sabe-se que um trabalhador que consiga conciliar bem o trabalho com a família é um trabalhador mais realizado e produtivo, mas nem sempre a consciência desta realidade ajuda a mudar o paradigma e, muitas vezes, a condenação, a pressão e a incompreensão vêm dos próprios colegas. Temos pessoas que nos relatam que são mal vistas na empresa se têm de levar um filho ao médico”, revela.

Em setembro do ano passado, Alexandra Cruz, técnica de educação ambiental, e Pedro Almeida, com curso de medicina chinesa, que trata da gestão e informática de empresas da família, fizeram as malas e mudaram-se de Valongo para Santo Tirso para uma casa com horta, dois cães, duas porcas, uma ovelha, galinhas, pomar de sabugueiros. Trocaram as voltas entre natação, ballet, patinagem, música, depois das escolas, por trajetos mais curtos.

Os quatro filhos andam no mesmo colégio que tem atividades extracurriculares no horário das 9 às 17 horas. “Era um ritmo muito frenético”, recorda Pedro. Maria tem 12 anos, anda no 7.º ano, tem flauta e guitarra no colégio, evoluiu na patinagem, treina duas vezes por semana até às 20 horas no centro de Santo Tirso. Vicente, nove anos, anda no 4.º ano, tem violino no colégio e teatro duas vezes por semana, uma das quais ao sábado das 9 às 12 horas. Alexandra leva-o, para casa vai de boleia com a mãe de um colega. Olívia tem cinco anos, anda no 1.º ano, fez dança e vai iniciar dança e ballet no colégio ou numa academia no centro de Santo Tirso duas vezes por semana, pode calhar em dias desfasados da Maria. Benedita é bebé, tem 17 meses.

De manhã, Alexandra leva os quatro filhos ao colégio, dez minutos de carro, e segue para o trabalho, 40 minutos até ao Parque Biológico de Gaia. Pedro vai articulando o trabalho onde for preciso, ora no terreno, ora em casa. Ao final do dia, a logística das voltas fica por conta de quem tem mais disponibilidade. Alexandra tem horário contínuo, não sai muito tarde, por vezes tem trabalho ao fim de semana.

Quatro filhos exigem disponibilidade, uma ginástica bem planeada. Quase um ordenado vai para colégio e atividades extra. Alexandra e Pedro estão satisfeitos com a nova etapa, poupam nas distâncias. Um maior apoio do Estado era bem-vindo para alegrar os filhos e não sobrecarregar os pais. “Organizamo-nos ao máximo, tentamos fazer tudo, tratar da casa, trabalhar a horta”, afirma Alexandra. “A nossa vida nunca é muito parada”, acrescenta Pedro. E Alexandra resume: “O sofá está ali, mas não usamos.” É um corre-corre pela felicidade e bem-estar de quem está a crescer.