
Texto de Alexandra Tavares-Teles
Perdeu o estatuto divino e já não domina um império. Porém, mantém o título – Sua Majestade Imperial – e funções ritualistas como sumo sacerdote do xintoísmo que visam o bem-estar e a prosperidade do povo. Mantém também a missão, simbólica mas importante, de agregar “um país plurissecular, colocado perante circunstâncias políticas e estratégicas muito complexas e perante a pergunta: até que ponto a modernidade implica a ocidentalização do país?”.
As palavras são de Raquel Vaz-Pinto, especialista em assuntos internacionais, que chama ainda a atenção para o nacionalismo étnico e territorial muito forte, resumido em poucas palavras: “Ninguém se torna japonês. Nasce-se japonês”.
A ascensão de Naruhito ao Trono do Crisântemo a 1 de maio de 2019, encerrando uma era – a Heisei (alcançar a paz) – e inaugurando a Reiwa (bela harmonia), resulta da abdicação do pai. A situação, rara numa monarquia em que os títulos são para a vida, diz dos desafios particulares que esperam o novo imperador, “símbolo do Estado e da unidade do povo”.
Ana Fernandes Pinto, investigadora do Centro de Humanidades da Universidade Nova, vai mais longe: “O imperador é cerne da identidade, o cuidador-mor, e como tal é reconhecido por todos os japoneses. Apesar de não ter funções executivas representa a mais antiga monarquia do Mundo e uma continuidade genealógica que remonta a tempos imemoriais”.
Especialista em história medieval japonesa, Naruhito foi o primeiro membro da família imperial a estudar no ocidente, em Oxford, era ainda Sua Alteza Imperial o Príncipe Hiro. Sobre esses tempos escreveu “The Thames And I: A Memoir Of Two Years At Oxford”, um livro de memórias publicado em 1992.
Amante de música clássica, instrumentista de cordas em particular de viola e violino, praticante de jogging, ténis e montanhismo, casou a 9 de junho de 1993, era então designado Sua Alteza Imperial o príncipe herdeiro, com Masako Owada, diplomata de 29 anos, funcionária do Ministério das Relações Exteriores do Japão à época.
A cerimónia xintoísta imperial em Tóquio contou com oitocentos convidados e uma audiência estimada em quinhentos milhões de pessoas de todo o Mundo. O casal tem uma filha, sendo certo que a sucessão ao trono continua interdita às mulheres.
Patrono do Comité Olímpico Japonês até 1998, membro do Comité Olímpico Internacional e presidente honorário do Conselho Consultivo do Secretário-Geral da ONU para Água e Saneamento, dando relevo a temas ambientais, é Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo de Portugal.
Cargo: Imperador do Japão
Nascimento: 23/02/1960 (59 anos)
Nacionalidade: Japonesa