Esta semana é com muito prazer que apresento a minha convidada das entrevistas que nunca fiz, é nada mais nada menos que a esplendorosa atriz Jane Fonda. Olá, Jane.
Olá, João. Estás cada vez mais atraente.
Obrigado, Jane. Isto é tudo graças a eu ter seguido os exercícios que vinham no teu livro “Jane Fonda’s Workout Book”. A Jane está aqui hoje connosco porque desde dia 11, e todas as sextas-feiras, tem sido detida pela polícia, nas escadas do Congresso dos Estados Unidos, devido à sua participação num protesto que exigia mais ação do Governo contra as alterações climáticas. Tenho que dizer que és uma valente.
Obrigada.
Se eu tivesse 81 anos queria lá saber das alterações climáticas. Só me preocupava com o frio por causa do meu reumático. De uma pessoa com 80 anos eu espero que proteste porque a sopa está fria, e não que tenha a juventude de espírito de protestar contra o estado do nosso Mundo.
Toda a minha vida protestei. E vou estar no Capitólio todas as sextas, nas próximas 14 semanas, faça chuva ou sol, inspirada pelo incrível movimento que a nossa juventude gerou. “Vamos todos incorrer em desobediência civil e vamos ser detidos a cada sexta-feira.”
Irra, assim vais ser presa mais vezes do que o Vale e Azevedo. Tenho de confessar que desde adolescente sempre sonhei ver-te de algemas. Nunca me irei esquecer do filme “Barbarella”.
Já tinhas nascido nessa altura?
Tinha quatro anos, mas aos 13 revi várias vezes quando não tinha ninguém em casa. Lembro-me bem da Jane com roupa de astronauta e sem a roupa. Voltemos à razão que aqui te trouxe.
Irmos jantar fora?
Não, o teres sido detida por causa das manifestações contra as alterações climáticas. Achas que vale a pena? Isso de seres detida não faz com que tenhas de preencher uma data de papelada mais o carro da polícia que te vai levar, etc. Não acaba por ser contraproducente?
O que eu sei é que não posso mais manter-me quieta e deixar que os nossos governantes ignorem – e, pior do que isso, deem poder – às indústrias que estão a lucrar com a destruição do nosso planeta. Não podemos continuar a tolerar isto!
Sabes que o grave problema do aquecimento global mudou a minha forma de encarar a vida.
Isso é bom.
É, sim senhora. Porque antes de me aperceber da verdadeira dimensão da catástrofe era um indivíduo deprimido e angustiado porque imaginava que, depois de eu morrer, as outras pessoas iam continuar a viver e a habitar este planeta por muito mais tempo. Agora, sou mais feliz.
