“Não há nada melhor do que pegar uma maca de cernelha”

Notícias Magazine

Cá estamos para mais uma entrevista que nunca fiz. Esta semana o nosso convidado é o médico, entre aspas, do INEM, doutor António Peças, que esteve envolvido em várias polémicas depois de ter sido apanhado, entre outras coisas, a assistir a uma tourada depois de, por razões de saúde, ter recusado transportar um doente.
Peço desculpa, não sei se consigo dar esta entrevista porque estou com uma caganeira que não me aguento.

Não me diga que o doutor Peças tem cocó?
Tenho cocó e uma garraiada em Santarém.

Já calculava. Pelo menos uma coisa é certa, para aquelas pessoas que dizem que quem gosta de touradas não tem respeito pela vida dos animais, no seu caso, há que reconhecer que o senhor não faz distinção entre animais e pessoas, porque tem a mesma falta de respeito pela vida de ambos.
Que quer que lhe diga. Gosto muito de medicina e de touradas. Para mim não há nada melhor do que pegar uma maca de cernelha.

Ilustração: Mafalda Neves

Eu estive a ouvir as suas conversas telefónicas com as médicas das urgências e fez-me lembrar os meus telefonemas com a Meo. Do género: “Epá, agora não me dá jeito, não me pode ligar noutra altura. Estou aqui ocupado a palitar os dentes”.
São umas chatas. Sempre a ligar, cheias de pressa. Parece que vai morrer alguém.

Parece, não. Aquilo são telefonemas de quem trabalha nas urgências e é suposto ser urgente. Normalmente, quando lhe ligam é porque há um doente que está em perigo de vida.
Pois, mas, se há um doente que está assim tão mal, acho que faz mais falta ao INEM um padre do que um médico. Se a coisa está assim tão complicada em vez de uma operação, que tem poucas hipóteses de salvar uma vida, mais vale ir logo para a extrema-unção.

Mas o senhor é médico do INEM, supostamente está lá para isso.
Mas eu não posso salvar toda a gente. Às vezes dá a ideia que essas médicas do INEM pensam que eu sou Deus.

Se calhar pensam isso porque o senhor é omnipresente. Consegue estar ao mesmo tempo no helicóptero do INEM, numa tourada e de serviço no hospital. Por falar nisso, o doutor é capaz de explicar como foi possível cobrar tantas horas por ano por estar ao serviço do helicóptero do INEM? Parecendo que não, pelo que li, o senhor já voou mais que o Super-homem toda a vida.
Ui! Ai! Desculpe, mas agora não consigo responder a isso porque estou a sentir uma dor de barriga muito grande. Que horror, estou péssimo.

Vou já ligar para o 112. Espero que não seja nada grave porque hoje é o doutor Peças que está de serviço.