Hoje, o nosso convidado é Bernardino Soares, presidente da Câmara de Loures, que esta semana se viu envolvido numa polémica após uma reportagem da TVI no programa da jornalista Ana Leal. Espero que não se importe que eu faça esta entrevista à luz das velas, mas desde que soube que há quem cobre 11 mil euros por mês para mudar oito lâmpadas e dois casquilhos deixei de usar candeeiros.
Isso é mentira! E a Câmara de Loures já emitiu um comunicado a desmentir essa história.
Sim, eu li o comunicado. Espero que o comunicado não tenha sido escrito por uma prima do Jerónimo de Sousa por mil euros.
Eu acho muito mal o que a TVI fez e cito o meu camarada Jerónimo: “É feio usar a família como arma de arremesso seja contra quem for”.
Independentemente de ter ou não razão, acho que é preciso ser-se muito inocente para esperar que uma jornalista como a Ana Leal, que é capaz de entrevistar ao telefone o filho de 14 anos de Bárbara Guimarães, tenha problemas éticos com esse tipo de coisas. A verdade é que há aqui uma grande coincidência, ou uma pequena cunha, para ter sido escolhida a empresa unipessoal que é do genro do secretário-geral do seu partido. Bem sei que no PCP existe muita camaradagem, mas fica esquisito.
Como expliquei no comunicado da autarquia – “A lei não nos permite excluir pessoas, nem nós queremos excluir pessoas ou empresas porque têm qualquer relação familiar com qualquer pessoa das nossas relações”.
Eu bem sei. Aliás, se eu estivesse à frente de uma autarquia não tinha nenhum problema em contratar a minha sogra para mudar lâmpadas, desde que a eletricidade estivesse ligada e ela tivesse os pés enfiados num balde com água. Mas uma pessoa pode supor que, sendo o senhor Jorge Bernardino genro do Jerónimo de Sousa, tivesse acesso aos preços que cobravam os outros, e fizesse uma proposta um bocadinho mais baixa.
Não há aqui nenhuma falcatrua. São os preços do mercado.
Isso é uma explicação que o Mexia da EDP podia dar para o que recebe. Eu sei que o Jerónimo adora provérbios e eu podia dizer que “nem tudo o que luz é ouro” – apesar de, por estes preços, dar a sensação que sim.
É um falso assunto. Até porque o nosso secretário-geral já disse que nem sequer sabia deste caso.
Isso acho possível. Ele é uma pessoa distraída, nem sabia que a Coreia do Norte era uma ditadura.
Eu considero este assunto encerrado. E esta entrevista acabou.
Tenho pena. Acho importante que se discuta este caso porque, e usando de novo um provérbio, “da discussão nasce a luz” – e sempre se poupava em lâmpadas.