Mulheres-arrais, as pescadeiras com o dever do mar

Foto: Pedro Granadeiro/Global Imagens

Andam no mar desde sempre, ou pelo menos desde há 100 anos, o que é um tempo imemorial. Mas são uma rareza num mundo masculino e ainda parecem gostar de se invisibilizar: são as mulheres que vão com os seus homens de barco e começam a mandar. A NM andou com elas, e com eles, todos são casais, na costa brava do Alto Minho, da Apúlia até Viana e elas contam porque é que não resistem ao mar.

Tem as mãos como as de um homem, Maria José, gretadas nas pontas, palmas calosas, as unhas cortadas rente, dedos densos, talvez sejam um pouco mais pequenas do que as do seu homem, mas são rijas, mãos parrudas.

Ela agarra agora com a direita um pequeno polvo pela cabeça e puxa por ele, ele é elástico, nacarado, está todo esticado, tenta resistir, ela puxa-o para fora da gaiola em que o pescou, são aquelas gaiolas de redes de metal chamadas covos ou nassas e a que eles, os pescadores e pescadeiras, também chamam as mijonas, saca então o polvo, que se opunha, agarra-o agora pelo pescoço, ele a espernear das oito patas tentaculares, e de repente bate com a cabeça do animal numa das traves do barco e ele fica ali derramado a escorregar, todo estonteado.

Não terá perdido totalmente o sentido, o molusco, porque mal se viu pousado lançou disfarçadamente as ventosas para se agarrar e está agora pendurado, flácido e rosado, na parte de baixo da trave – e começa sorrateiramente a caminhar em câmara lenta, a trepar pelo bojo do barco acima, a tentar chegar de novo ao mar.

Maria José já tinha ido para a proa, vê-o, volta, sorri com meia boca, agarra-o de novo pelo gasganete, puxa-o com força até o animal descolar, e dá-lhe nova trombada no pau da nau, depositando-o depois dentro de um balde meio de água onde já estava um congro preto a rabear. E o polvo fica ali, entornado no fundo do balde, espalmado, todo grogue, a ondular.

(Mais tarde, já em terra, Maria José exemplificará como se mata um polvo, é simples, diz ela a sacá-lo do balde toda despachada, outra vez a agarrá-lo pela goela, ele revivesce, ondeia das oito patas, é só meter-lhe uma faca entre os olhos, diz ela a enfiar a pontinha da lâmina na cabeça do cefalópode, repare, veja agora, ele vai já mudar as cores, e nisto o polvo esverdeia, acinzenta-se, já não é da cor do nácar, e fica na mão dela inerte, as patas dependuradas, aflautado, como que se desencheu.)

É manhã muito cedo, ainda não são sete horas, estamos no mar, uma milha ao largo da costa de Castelo do Neiva, freguesia do concelho de Viana onde perdura um núcleo piscatório tradicional de 23 barcos de porte pequeno, isto é, com menos de sete metros e tripulação de dois pescadores. São barcos de bicos arrebitados como as cristas dos galos, cauda cortada, com motor, muito garridos, e o barco de Maria José e do marido, José Neto, o Esperança, um barco azul que tem no dorso pintado um branco e grande dragão – o animal tem o corpo e a cauda em S e os olhos e a bocarra estão abertos virados para baixo a ameaçar o mar -, vem a zarpar virado a Norte, eles estão a regressar da pescaria do dia.

Para trás deles é Esposende e Ofir, veem-se ao fundo as torres recortadas descomunais, mais para a frente é a praia da Amorosa, depois é o Cabedelo, ali é Regos de Baixo, é um nome dos antigos, dizem eles. O mar tremeluz do sol que já nasceu, e o barco avança contra o vento, a chapar na espuma, a levantar sal. Ao fundo, em frente a eles, bruxuleia uma bruma baixinha, vê-se o casario miúdo na costa, as dunas beges como divãs, montes verdes atrás, é um cenário bucólico de postal.

Como sempre, José Neto vem atrás, na cabina do barco, um olho nas máquinas – GPS, sonda, radioamador, um rádio de pilhas parado em 90.8 FM e a figurinha duma Nossa Senhora branca com as mãos juntas a orar, os santos, para quem pesca e enfrenta a incerteza do mar, são o Windguru do sobrenatural, são sempre uma entidade a consultar -, o outro olho no mar, a manobrar a maneta do motor Yamaha.

Maria José vai à frente, pés firmes fincados na proa, não precisa de se agarrar, vai de queixo levantado na bolina, e vista de trás, com o cabelo metido num boné, o colete amarelo subido no cachaço, as grandes calças de alças de pescador, são de borracha, são largas, muito largas e meias cómicas, e vista assim de trás, estatuificada na sua forte compleição, é um pescador como os outros, não se diria que é uma mulher.

Ela como é mulher acumula mais profissões

As mulheres sempre foram ao mar, diz a História, mas gostam de se invisibilizar, andam na sombra dos homens, que dominam a profissão, apesar de algumas delas terem cédula e carta e poderem mandar, como é o caso de Maria José. Há décadas que o país perde pescadores, diz a estatística que regista dados desde 1960: o pico foi em 1982, quando havia 47 529 pescadores matriculados. Daí para a frente foi sempre a descer: 40 610 em 1990; 25 021 em 2000; 16 164 em 2018 – e as mulheres não chegarão, então e agora, a 5% desse total.

Maria José e José Neto tinham-se levantado à meia-noite, é o horário de verão, no inverno saem mais tarde, por volta das 4 da manhã, é para eles uma hora normal, à 1 e pouco ainda era negra a noite e já entravam os dois no mar. O sono é só uma fervurinha, diz ela, tem que ser, depois do almoço dormem a sesta, é assim a vida de pescador, uma vida lunar, oposta à dos demais, parece que eles andam no paralelo horário do Japão.

A pescaria foi assim-assim, não foi má: o azul Esperança traz fanecas, badejos, carapaus, robalos, uns quantos linguados espalmados, foram pescados à rede, já estão todos arrumados e separados por espécies, postos nos tabuleiros de plástico laranja com que vão chegar à lota, muitos morreram boquiabertos, os olhos muito espantados, e ainda três lavagantes vivos, são os primos pequenos das lagostas, têm pinças desproporcionais que se agarram um dedo dão uma dor estrelar, e uma dúzia de polvos molemente enovelados com os seus olhos protuberantes a espreitar.

O barco abeira-se da areia e Maria José é sempre a primeira a saltar. Salpicada, caminha para a moto 4 Arctic Cat que ali tinha ficado com o atrelado estacionado, conduz o rodado de volta ao mar, desengancha-o, empurra-o para dentro da água rasa para que fique debaixo do casco do batel, o José Neto também já está a ajudar, os dois encaixam o atrelado na moto, ela sobe outra vez para os comandos e sai duna acima a fazer piões, as grossas rodas a espichar areia, e estaciona facilmente com três manobras o barco arrebitado entre os outros barcos que estão a chegar.

A seguir é como é costume, já são quase oito horas da manhã, eles levam o pescado até à lota, há fila com outros pescadores, é ali mesmo à beirinha, funciona agora nuns contentores, as obras na lota nova terminarão no fim do ano, entregam as espécies que são pesadas, recolhem os tabuleiros e descem com eles vazios de novo até à praia. A operação a seguir é rápida: lavar o barco, arrumar a tralha das boias, das gaiolas, das redes e ala que se faz tarde, o dia de Maria José vai agora recomeçar noutro patamar, é a sua outra profissão, é dona de casa, uma ocupação tão ou mais dura como a de pescadeira, mas mais silenciosa e sem remuneração.

Faz as camas, o casal tem dois filhos, o rapaz já trabalha, tem 21 anos, a rapariga estuda, tira boas notas, tem 14 anos, nenhum dos dois quer a vida do mar – pescadores, eles?, ui, diz a Maria José, nem de água doce!, e desata a rir. Começa a preparar o almoço dela e do José, hoje vão comer aquele congro que vinha no balde com o polvo a gingar, ainda trata das roupas, é uma vida escrava, lavar, pôr a secar, passar, às vezes o marido ajuda, às vezes é ele a cozinhar, mas os homens demoram muito tempo, diz ela outra vez a rir. E se tem uma aberta, Maria José ainda vai ao campo ali ao lado tirar batatas, tiram-se assim de joelhos, é batata de areia, muito amarela, saborosa, diz ela, algumas arrobas serão para vender.

Eu faço tudo o que ele faz e sei fazer melhor

Maria José, 40 anos, pescadeira desde 2005, antes trabalhava numa têxtil que faliu, é a única mulher ali de Castelo do Neiva que vai ao mar: naquela costa do Alto Minho até Viana do Castelo, que é para cima, há outra mulher a pescar entre os homens, é em Darque, Cabedelo, chama-se Maria Cecília Abreu, tem 34 anos e sete meses de mar; e ao contrário, para baixo, há outra com seis anos de carta, é perto da Apúlia, Cedovém, chama-se Cristina Granja, elas vão com os maridos ao mar. Isto ainda é, foi sempre, uma profissão dominada por homens, diz Maria José, e acho que sempre assim será.

Além de todas as suas ocupações profissionais, Maria José, que tem cédula marítima e carta de arrais de barco, isto é, pode ir ela a comandar, ainda acumula outra função: é presidente dos Armadores de Pesca Profissional de Castelo do Neiva. No fim do mês haverá nova eleição, ela diz que não sabe se vai concorrer, mas vai, todos gostam dela, não haverá ninguém para a disputar. Problemas com os homens por ser mulher? Nunca, nenhum, diz ela, só às vezes um ou outro olhar de lado, só no princípio, há muitos anos, mas não foi dos pescadores, foi das mulheres deles.

E agora Maria José, que aprecia pouco falar de si, diz taxativamente a arrumar com a questão: eu faço tudo o que os homens sabem fazer e às tantas até sei fazer melhor, diz ela. É assim, não há que ter medo de assumir, as mulheres são mais organizadas, fazem mais coisas ao mesmo tempo, sabem fazê-las melhor e, como é preciso, puxamos pelo físico como eles, ah pois é, não andamos aqui a engonhar. E ela mete as mãos com os punhos fechados nos quadris, levanta o queixo a peitar, parece o Super-Homem, mas sem capa, a pôr-se orgulhosa de perfil.

Elas pescam desde os tempos imemoriais

Se olharmos para trás na História, há um documentário pastoral bastante bom de Gonçalo Tocha, “A Mãe e o Mar” (2013), produzido pela preciosa Agência da Curta Metragem, de Vila do Conde, que retrata as mulheres valentes de Vila Chã, há mulheres a ir ao mar desde o início do século XX, desde os tempos a preto e branco imemoriais.

São as mulheres-arrais vítimas do dever, mulheres que se viram deixadas pelos maridos, que por necessidade começaram a passar as noites no mar. Iam em barcos pequeninos sem motor, aos pares, a manejar remos longos e pesados ou à vela incerta do vento, lançavam redes, esperavam na escuridão, e colhiam com a força dos braços a sua sobrevivência, o mar dá frutos mais lestos do que a terra, não é preciso arar, semear, plantar, esperar, vai-se logo diretamente colher, os seus quintais líquidos são ali, o mar dá-lhes dá o pão para comer.

Há mais de um século a separar essas indomáveis pescadeiras da freguesia de Vila do Conde de Cristina Granja, uma minhota de 41 anos que se apaixonou ainda novinha por Cedovém. É um lugar pitoresco da Apúlia onde os seus pais, briosos cortadores de carne de Braga, a levavam nas férias grandes, e ela perdia as horas a ver os pescadores alar. Achava aquilo muito bonito, diz ela, não sei explicar, sentia que um dia gostava de experimentar aquilo, aquela aventura que nunca é repetida, porque nunca é da mesma maneira, que é sair em direção ao mar.

Ela tem um barco pequenino mais o marido, Adriano Ribeiro, 57 anos, ele pesca desde os 14, o Deus Nos Ajude, um barco igual ao das mulheres imemoriais, uns cinco metros de comprimento, dois de largura, pequenino, só que agora com motor.

Ali no portinho de Cedovém, onde há apenas sete barquinhos a operar, o casal sai à pesca todos os dias, é de segunda a segunda sem parar, dizem eles, basta que o mar nos deixe sair, menos no inverno, está claro, no inverno temos que saber contar com as poupanças do verão. Pescam várias espécies todo o ano: polvos, robalos, sargos, douradas, congros, corvinas, fanecas, carapaus, caranguejos, camarões, raias, lavagantes, peixes para menus especiais.

E aplicam-se em três modalidades piscatórias, Cristina e Adriano, eles não dizem pescar, dizem caçar: é à rede, é com os covos de engaiolar, e é com o espinhel, que é uma corda de 200 anzóis armados com iscos de sardinha e de cavala, eles têm cinco dessas cordas compridas, e com elas caçam congros ou safios, pretos ou madrepérola, peixes de caras bicudas num corpo inguinal.

Cristina, que também parece gostar pouco de se confessar, fala pela voz do marido. Diz então o Adriano dela: como marinheira, ela surpreendeu-me, é certinha, faz bem feito, defende-se bem e ainda por cima tem bom espírito, incentiva, é destemida, nunca diz que não. E, sendo mulher, trabalha como um homem, ou melhor, trabalha ainda mais porque depois da pesca ainda vai vender o peixe e depois ainda faz as lides todas da casa e tudo, atenção, sem arrear! Agora diz a Cristina dela mesma: a mulher é o sexo forte, pois é. Não fazemos nada a menos do que um homem, talvez só a botar o barco é que não, isso é com eles, mas de resto trabalhamos como os homens, é tudo igual.

Adriano, que sonha com um barco maior, mais alado, cabinado, um barco de oito metros e dois motores, um barco espadal, Adriano sabe que será o último da família a pescar. Ele confessa com uma ponta de pena que vem logo à tona a boiar: comecei a pescar muito cedo, aos 14 anos já saía sozinho, pesquei anos seguidos só eu, o barco e o mar, mas agora é obrigatório levar um par, foi por isso que a mulher começou a andar, ela é a minha tábua de salvação.

Eu já sou da quarta geração de pescadores, diz Adriano, comecei com o meu pai, ele com o pai dele, o meu avô com o meu bisavô, foi assim até lá atrás, mas daqui para a frente vai mudar. E ele continua: tenho três filhos, sim, já são crescidos, é um rapaz e duas raparigas, têm 18, 25 e 28 anos, mas nenhum deles quer pescar, é assim a juventude, fico um pouco triste, o que quer, é assim, eles não querem nada disto, não apreciam a arte que é caçar no mar – e Adriano, que enquanto falava ia remendando à mão uma gaiola de polvos que se esburacou, e remendava-a com a mão teleguiada, sem precisar de olhar, pousa agora a gaiola fendida, cruza os braços, desprende um breve suspiro e o seu olhar fica pousado no mar brando a derreter.

A vida a dois virada para o mar

Ricardo Carneiro, 37 anos, pescador desde 2007, desde que herdou um barco do sogro que era armador, já não estranha trabalhar no barco com a mulher, e os outros pescadores também não. Diz ele: se acham mal, não me dizem nada, acham bem, acho eu, eu acho também. E depois, ninguém tem que achar nada, ninguém tem que achar nem bem nem mal, ela é que sabe, ah atão! E Ricardo continua: as mulheres são como os homens, pois são, chama-se é pescadeiras, os antigos diziam pescadeiras, é mais bonito do que pescadoras, não é? Elas são como nós, vão como nós ao mar, qual é o mal?

Foi o que pensou Maria Cecília, a sua mulher, 34 anos, que há sete meses tirou a cédula profissional de pescar e que será das mulheres mais novas que aqui andam no mar. Ela já trabalhou numa fábrica têxtil mas a fábrica fechou, depois foi tecedeira, tinha um tear de ferro em casa, mas depois aquilo deixou de dar.

Foi por uma necessidade que vim para o mar, diz Cecília, ele não arranjava empregados, ou se arranjava eram maus, ou eram molengas ou bebiam ou não apareciam ou não tinham estômago para aguentar, isto é pesado, eu já sabia, eu aguento. Então eu disse-lhe, continua ela a relatar: ó Ricardo, assim não pode ser, passo a ir eu contigo ao mar! E assim foi, ficou resolvido, é mais dinheiro que fica em casa, diz ela, damo-nos lindamente, é raro discutirmos, temos a vida toda orientada para o mesmo, estamos os dois virados para o mar.

Ali é Darque, terra do Cabedelo, cais Arnor, porto de Viana do Castelo. Em frente vê-se o Monte de Santa Luzia a verdejar, mais abaixo, no sopé, sobressai o célebre Prédio Coutinho, é um prédio brutal, não é feio mas é desproporcional, a lota fica à esquerda, atracam ali grandes cargueiros, ali a água é do rio Lima, é o rio que os conduz ao mar.

São 12 os barcos de pesca ali fundeados, são os barcos maiores daquela costa, oito metros ou mais, o barco do Ricardo e da Cecília é o Tita, é por causa do Ricardo, chamam-lhe Tita desde sempre, ele não saberá dizer porquê, tem dois motores F50 Yamaha, são 100 cavalos a puxar, é todo vermelho com bordos brancos, ele é obviamente do Benfica, ela por acaso é do Sporting.

Nos outros dois casais de pescadores, ele e ela são sempre rivais, é uma postura que se repete: a Maria José é sportinguista mas o seu homem, o José Neto, é pelo Porto, foi sempre, é por causa dele que o barco tem um dragão; e no caso da Cristina e do Adriano, ela é do Benfica e ele é ferrenho do FCP.

A casa do casal fica ali perto do campo do Grupo Desportivo Castelense, a entrada do estádio parece um castelinho, mas daqueles de brincar, com duas torres atarracadas, como no Portugal dos Pequenitos, e na casa deles é que estão os utensílios de pescar. Só pescam à gaiola, eles dizem à mijona, é com essas armadilhas de metal que caçam o polvo mariscal, as navalheiras, os lavagantes e o congro, o peixe que gosta de ziguezaguear. Têm 500 gaiolas, é um verdadeiro arsenal, cada conjunto de 50 é uma caceia, leva duas boias, explicam eles, duas pedras, cada gaiola é atada numa corda de mil metros, o pescado apurado vai todo para a Reimar que o vende a retalho, para conservar e para exportar.

São pescadores dedicados, são até mais, são fanáticos do mar – não é só gostar, diz a Cecília, eu adoro tudo, ir e vir e andar ao mar! -, se o tempo deixar vão todos os dias, só há três dias do ano em que se deixam parar: o 25 de dezembro, que é o dia do Natal, o 15 de agosto, que é o dia das sete senhoras, e o 20 de junho, dia do Corpo de Deus. Eles são católicos, somos, claro, dizem os dois de uma vez, quem anda nisto da incerteza de ir ao mar tem que ter algo superior em que acreditar.