Mudam-se os tempos, chegam mais gelados

Menu de degustação da Gelataria Portuense. A marca vem dedicando cada mês aos sabores dos vários países. Março é a vez do Reino Unido

Texto de Ana Regina Ramos | Fotos de Rui Oliveira/Global Imagens

Sabe-se que os gelados têm centenas de anos e que surgiram pelas mãos dos chineses, através da mistura de neve com mel e sumo de frutas. A arte foi aperfeiçoada por italianos e, em Portugal, surgiu por volta do século XVI. Hoje em dia, já adquiriu os mais variados formatos.

Na Amorino, o gelado em forma de flor, feito com produtos naturais, é a imagem de marca. São produzidos e depois exportados, em arcas refrigeradoras, de uma fábrica francesa. À porta da maior loja do Mundo desta marca, inaugurada em 2017, ao lado da Livraria Lello, no Porto, são muitos os turistas a entrar e a formar fila, mesmo que ainda seja de manhã e em dias de tempo triste. Mas um doce colorido cai sempre bem.

Quem entra, dá de caras com uma montra com mais de 20 sabores de todas as cores. Entre eles, o chocolate é, “sem dúvida, o mais procurado”, refere Andrea Moreira, coordenadora da equipa Amorino na cidade.

Andrea Moreira coordena a equipa Amorino Porto. A marca italiana também tem lojas em Lisboa e Vilamoura

Entre gelados (feitos à base de leite) e sorvetes (à base de água e fruta), “há oferta para todo o tipo de exigências”. É possível escolher a forma como são consumidos: em cones, copos, waffles, ou crepes. A este elenco junta-se uma novidade, o Gelato Burger, um pão com sabor a chocolate, duas bolas de gelado e um topping.

A marca italiana, que nasceu em 2002 pela mão de dois amigos de infância e chegou a Portugal há sete anos, tem ainda uma opção para colocar sobre as “pétalas” do gelado: macarons, que vão assistir também ao regresso, em breve, do sabor a cheesecake.

Também em breve chegam à Amorino três outros sabores: gelado de menta com raspas de chocolate negro, gelado de figo e queijo mascarpone e sorvete de líchia. No verão, um outro trio entra em ação: groselha negra, toranja e sorvete de frutas exóticas com verbena.

Quando a cozinha é um laboratório

Também inspirada em Itália e com novidades a caminho é a Gelataria Portuense. Fundada por uma “aficionada” por gelados, Ana Ferreira encontrou a “parte criativa” que procurava a fazer gelados. Aprendeu a arte em Itália e resolveu trazer uma máquina tradicional – criada em 1927 – e que a fascinou, a Effe da Cattabriga.

“É um sítio onde uma pessoa pode claramente ir buscar o que quiser e tentar transformar num gelado”, conta, explicando que, “se for feito com bons ingredientes e naturais”, torna-se um produto de excelente qualidade. “Pensei que isso era um nicho de mercado que faltava explorar.”

É visitada por muitos turistas, especialmente sul-coreanos, mas também tem “cada vez mais clientes do Porto”, e é através destes que diz conseguir perceber se as vendas estão a ter um “efeito positivo”. “A parte boa de vender gelados é que as pessoas vêm sempre com um sorriso”, diz com um ar de satisfação.

O gelado em forma de flor é um dos preparados clássicos da Amorino

Ao fundo da sala, vê-se uma cozinha, que Ana chama de “laboratório”. É onde tudo é fabricado, desde o sorvete ao topping. Aqui não se escolhem os gelados pelas cores da montra, onde só está exposta a bolacha dos cones. Os gelados e sorvetes ficam “escondidos” nas cubas, por ser “a melhor maneira de os conservar”.

A criatividade é a base do negócio. Em dezembro começaram uma “Volta ao Mundo” em 12 países, pretexto para utilizarem ingredientes e darem a conhecer “sabores completamente diferentes”. Começaram por Itália, seguiu-se Espanha e França. O Reino Unido chegou em março, e entre os ingredientes há Guiness e butterscotch, que podem ser experimentados a solo ou em menu de degustação, em pequenos copos de vidro.

Até ao verão será a vez da Alemanha, Suíça, Áustria e Grécia. Pretendem, depois, expandir para a Índia (com o açafrão e o cardamomo), China (sésamo preto e inspiração em sobremesas de coco), Japão (com o matcha e o wasabi) e, por fim, a Rússia. Mas “não há quem bata o chocolate negro, seja inverno ou verão”.