Móveis saem de casa e vão para o jardim

Por Rita Neves Costa

A pensar nos convívios entre amigos, familiares ou até em momentos a sós, mas sem sair do perímetro da residência, aposta-se no mobiliário de exterior. Cadeiras, mesas e sofás fazem agora parte de jardins, varandas, quintais e terraços.

“A flexibilidade é a verdadeira tendência”, explica à “Notícias Magazine” Marta Cunha, designer de interiores da Ikea Portugal. A marca sueca tem apostado na versatilidade dos produtos, de forma a que se adaptem ao interior e ao exterior de uma casa. Exemplo disso é a adaptação de sofás, cuja manutenção e montagem permite que mudem de cenário, sejam de dois, três ou mais lugares, conforme a dimensão do espaço ao ar livre.

O mesmo conceito segue a La Redoute, em que a lógica da decoração e mobiliário de interior influencia cada vez mais o aspeto de jardins, terraços e quintais. “Os sofás de exterior com mesa integrada são uma solução para espaços pequenos”, afirma Dora Sousa, responsável de comunicação da marca francesa em Portugal.

As mesas e cadeiras são também dobráveis para facilitar a arrumação.Por mais manutenção que o mobiliário possa ter, as condições meteorológicas nem sempre ajudam à preservação ao relento. A chuva, o sol tórrido e o vento são os principais inimigos de quem quer mobilar e decorar o jardim. “O alumínio lacado é dos materiais que mais se vende devido ao custo e à durabilidade”, aponta IlanFeld, proprietário da Alaire, loja dedicada ao mobiliário de exterior em Sintra e na Comporta.

O aço e o ferro também fazem parte dos materiais mais usados.

Na coleção da Kasa, opta-se pelo vime em abundância. Desde abril que a marca de decoração e mobiliário da Sonae alargou o catálogo ao mobiliário de exterior. De resto, a inspiração artesanal, a lembrar cestas de verga feitas à mão, é uma tendência em várias marcas.

A madeira não fica de fora destas contas, sobretudo a de acácia, muito utilizada nas peças para jardim graças à resistência aos caprichos da meteorologia e às pragas de insetos e fungos. A marca angolana Kinda Home tem uma gama de mesas de madeira de acácia chamada Ogden, em diferentes medidas. Na Alaire, Ilan Feld afirma que a “madeira está de volta”, sobretudo combinada com outros materiais, como cordas naturais.

Reciclar por aí

As preocupações ambientais são relevantes no plano empresarial, especialmente se o trabalho depender de combustíveis fósseis. “Começam a existir alternativas ao plástico no mobiliário”, adianta Cristina Braga da Cruz, responsável pelo desenvolvimento de produto na Sonae.

No entanto, reconhece que este ainda não é o ano em que a reconversão possa ser vista nas lojas. “O plástico que usamos na Kasa é feito para durar muito tempo.”

O rotim, a corda natural e as fibras de kubu são algumas das opções da La Redoute para não prejudicar o ambiente. Na Ikea, por exemplo, a madeira de acácia e de eucalipto vêm de plantações certificadas. “O nosso objetivo é que toda a madeira seja proveniente de fontes mais sustentáveis, definida como madeira reciclada ou madeira com certificação FSC, até 2020”, especifica a designer Marta Cunha à NM.

As diretrizes da Forest Stewardship Council (FSC), traduzido para português como Conselho de Gestão Florestal, são seguidas por algumas marcas comercializadas na Alaire. “Cada vez mais se veem marcas a usar produtos recicláveis, mas não é por enquanto uma tendência forte”, diz Alan Feld, francês que abriu há 20 anos esta loja de mobiliário de exterior em Portugal.

Os artigos que transformam jardins em salas de estar a céu aberto são hoje mais polivalentes. Querem-se funcionais, práticos, confortáveis, resistentes e conscientes para o Mundo “verde” e limpo que desejamos ter nos próximos anos. Com tanta oferta em superfícies comerciais ou lojas mais pequenas, os nossos jardins, quintais e terraços podem ser a melhor opção nos dias em que a praia não é o melhor cenário.