Mieloma, essa doença maligna da medula óssea, continua a ser um mistério

A causa exata não é conhecida e os impactos na saúde são imensos. Por isso, há uma bolsa de investigação de dez mil euros para pesquisar e analisar a fundo esta doença incurável para a maioria dos pacientes.

O mieloma múltiplo é uma doença maligna e incurável da medula óssea. As causas não são conhecidas, haverá fatores genéticos e ambientais envolvidos, o excesso de peso e a obesidade não ajudam e manifesta-se sobretudo entre os 60 e os 65 anos de vida. Todos os anos, morrem cerca de 600 pessoas com essa doença que representa 10% das maleitas hemato-oncológicas.

O cansaço ligado a uma anemia pode ser um sinal. Uma infeção respiratória também não é de descartar e uma insuficiência renal pode revelar problemas. Dores ósseas intensas e prolongadas são um dos principais sintomas. E o impacto é grande: fraturas ósseas, complicações neurológicas, hipercalcemia, fortes acessos de dor e insuficiência renal.

68% dos doentes com mieloma múltiplo estão desempregados ou reformados

Um quarto dos doentes com mieloma múltiplo morre um ano após o diagnóstico. O mieloma múltiplo ainda vive rodeado de várias incógnitas e, por isso, quanto mais se souber sobre a doença, tanto melhor para a comunidade médica e doentes. A terceira edição da Bolsa de Investigação para Mieloma Múltiplo, da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) e a Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH), com apoio da Amgen Biofarmacêutica, volta a lançar um repto aos investigadores. É certo que nas últimas décadas têm surgido avanços terapêuticos, a taxa de sobrevivência tem vindo a aumentar, mas ainda são necessárias novas perspetivas de tratamento, nomeadamente para casos de recaída ou casos de alto risco citogenético.

A bolsa tem vários motivos: continuar a melhorar o prognóstico da doença, ainda incurável na maioria dos doentes, assegurar tratamentos mais efetivos e mais seguros que permitam aos pacientes prevenir a progressão da doença e aumentar a sobrevivência e a qualidade de vida.

A equipa vencedora recebe um prémio de dez mil euros para que, durante um ano, desenvolva um projeto de investigação que permita desvendar os mecanismos subjacentes ao mieloma múltiplo, tendo em vista o potencial desenvolvimento de novas e futuras terapêuticas.

Um quarto dos doentes com mieloma múltiplo morre um ano após o diagnóstico

A bolsa dirige-se a investigadores nacionais ou estrangeiros que desenvolvam projetos em instituições portuguesas. “Esta bolsa representa um estímulo para os investigadores que trabalham na área do mieloma em instituições nacionais, contribuindo assim para a melhoria da sobrevivência e da qualidade de vida dos doentes”, refere Manuel Abecassis, presidente da APCL.

Os projetos submetidos irão ser avaliados por um júri composto por peritos de reconhecido mérito em investigação científica e com experiência profissional e académica em hemato-oncologia em Portugal ou no estrangeiro. Aida Botelho de Sousa, presidente da SPH, sublinha a vontade de “melhorar o prognóstico desta doença, ainda incurável na larga maioria dos doentes, mas na qual os avanços têm permitido um maior número de anos vividos sem tratamento e uma grande diminuição dos sintomas associados à doença.”