Texto de Ana João Mamede
Miguel tem seis anos, é brasileiro e sofre de autismo. Todos os dias, assistia, na plataforma digital Netflix, ao filme “À Procura de Nemo”. Todos os dias, ansiava pela hora em que iria assistir à fita favorita. Contudo, no primeiro dia de 2019, a vida de Miguel sofreu uma profunda desilusão. O serviço de streaming retirou a película do catálogo.
Fernanda Torres, mãe de Miguel, desesperada, fez uma publicação no Facebook em que implorava à Netflix que recolocasse o filme na rede. Como qualquer criança com autismo, que vive dentro de uma rotina muito específica, o menino ficou extremamente perturbado com a mudança. Chorava e reclamava sempre que a mãe lhe mostrava o filme noutras plataformas. Miguel sentia falta do design da página da Netflix, que conhecia e com o qual estava familiarizado.
Inúmeras pessoas ficaram comovidas com a situação e tentaram ajudar. Mas, nenhuma sugestão parecia suficientemente viável como forma de “enganar” a criança. Até que Rodrigo Lima, um especialista informático, foi capaz não só de sugerir como de executar a solução que acabou com a dor do menino.
O técnico gravou um DVD do filme com um menu de reprodução que imitava o design da página da Netflix. “Foi feito com amor. Sei que pessoas com autismo têm dificuldade em se adaptar. Então, decidi ajudar”.
Depois de receber o link para descarregar o filme, Fernanda chorou de felicidade, ao verificar as semelhanças com o layout da plataforma online e ao constatar que a boa ação do informático tinha resultado em pleno. O final feliz da história fez escalar as reações e os comentários no post, de muitos outros utilizadores, felicitando Rodrigo pelo gesto. E Miguel voltou a ver diariamente “À Procura de Nemo”.
