Maria Palha: a psicóloga sem fronteiras

Foto: Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

Ser psicóloga sempre foi a primeira opção na vida de Maria Palha. A preocupação com as pessoas e a saúde mental levou-a a formar-se na área. Ao canudo, conquistado em 2005 no Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, em Lisboa, seguiram-se especializações em Terapia pela Arte, Teatro do Oprimido e Empreendedorismo Social.

Aos 37 anos, Lisboa é a casa da psicoterapeuta, embora ande numa roda-viva pelo Mundo. Em 2006, deu início a uma avalanche de viagens que teve Moçambique como primeiro destino. No Hospital Central de Maputo encetou o percurso profissional, que desde então está associado aos Médicos Sem Fronteiras. Zimbabué, Líbia, Síria, Ucrânia, Sudão do Sul, Cambodja, Índia, Brasil, Turquia, Serra Leoa, Colômbia e São Tomé e Príncipe foram os países em que colocou em prática programas de saúde mental que ela própria idealizou. Em parceria com organizações de saúde levou esperança e reduziu o sofrimento dos afetados por crises humanitárias. Deu apoio a pacientes com HIV-SIDA e a pessoas a viver em contextos de guerra e pós-guerra, bem como em situações de catástrofes naturais.

Maria apercebeu-se que, “independentemente do contexto em que estão, o que interessa é a forma como as pessoas lidam com as emoções”. Por isso, em 2016, uma década depois de encetar a missão, publicou o livro “Uma caixa de primeiros socorros das emoções”, uma compilação de histórias que recolheu pelo Mundo, com o objetivo de dotar os leitores de ferramentas de reconhecimento e gestão das emoções.

O feedback positivo fê-la querer mais. Para perceber como ajudar os adultos do futuro a serem emocionalmente mais saudáveis e a construírem uma sociedade mais humana, iniciou o projeto “Kids”, que resultou na entrevista de centenas de crianças dos cinco aos 12 anos, oriundas de 13 países. Ouvia-as e recolheu-lhes as preocupações e sugestões, que agregou no livro, lançado neste ano, “Emocionar – um kit de saúde emocional para famílias”. Pelo meio, fundou a associação Be Human e produziu o filme “Little human eyes”.

Embora estabelecida em Portugal, onde dá formações, presta apoio psicológico e trabalha como consultora de projetos de empreendedorismo e inovação social, Maria Palha parte em missões além-fronteiras com frequência. Confessa que é um trabalho exigente, mas recolhe constantemente muitas histórias marcantes.

Maria Palha, 37 anos, reside em Lisboa mas viaja com frequência para o estrangeiro, onde implementa projetos e dá workshops. (Foto: Reinaldo Rodrigues/Global Imagens)

De tudo o que viu e viveu, concluiu que a ligação entre as pessoas é um dos fatores que melhor garante a saúde mental. E reconhece: “Em termos gerais e culturais, somos todos diferentes. Em termos emocionais, todos queremos amar e ser amados, pertencer a um grupo, estar com as pessoas”.