Lindsay Hoyle: o homem que promete calma

Foto: EPA/Jessica Taylor

Deve o nome próprio à admiração do pai pelo jogador de críquete Lindsay Hassett. Ao pai, Doug Hoyle, membro da Câmara dos Lordes e ex-deputado trabalhista na Câmara baixa entre os anos 1970 e 1990, deve também o interesse pela política que o levaria a trocar o negócio de estamparia têxtil pelo envolvimento partidário no Labour.

Em 1980, pelos trabalhistas, o jovem, de 22 anos, arranca a primeira vitória eleitoral e torna-se membro do Conselho Municipal de Chorley, o pontapé de saída para uma carreira longa que culmina agora na presidência da Câmara dos Comuns – o Parlamento britânico –, a casa a que vice-presidiu nos últimos nove anos.

Reconhecido pelo forte “accent” (sotaque) do noroeste da Inglaterra, deputado apreciado por pares de todas as fações, pede-se ao novo líder que mantenha o humor e a imparcialidade reconhecidos na condução dos debates, tarefa sempre difícil mas ainda mais nesta fase complicada da vida do reino (Hoyle, natural de Lancashire, foi um dos três únicos deputados trabalhistas que não declararam a intenção de voto no referendo de junho de 2016, que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia). E também a calma determinada – que de resto já prometeu –, patente na resposta ao atentado de Westminster, em março de 2017, presidia Hoyle a uma sessão da Câmara, ordenando a circunscrição imediata dos locais afetados.

Trabalhista convicto, foi crítico de Blair a ponto de sentir a obrigação de se explicar. “Não sou anti-Tony. Mas há princípios e promessas que não podemos quebrar”, disse, com uma frontalidade que lhe terá valido a exclusão da lista de ministeriáveis do ex-primeiro-ministro.

Apreciador da personalidade de Diana Spencer, ainda com o país em luto propôs, sem sucesso, duas homenagens à “princesa do povo”: a construção de um novo hospital pediátrico e a renomeação do aeroporto de Heathrow, que passaria a chamar-se Diana, Princesa de Gales.

Cavaleiro desde 2018, Sir Lindsay Hoyle vive com dois gatos, Dennis e Patrick, com a cadela patterdale terrier, de nome Betsy, em homenagem à ex-speaker Betty Boothroyd, com o rottweiler Gordon, com a tartaruga Maggie, em memória de Margaret Thatcher, mulher de “carapaça rija”, e com o papagaio Boris, nome de primeiro-ministro, perfeito a pronunciar a palavra-chave das novas funções do dono: Ordem.

Severo a impô-la, como já demonstrou, o speaker não abdica do lado informal. É vê-lo a apoiar o clube do coração, o Bolton, ou uma das modalidades preferidas – numa fotografia publicada no Twitter a 2 de novembro, enquanto assiste à final do Mundial de Rugby, entre Inglaterra e a África do Sul, exibe uma generosa caneca de cerveja e coloridas meias listradas.

Hoyle, 62 anos, pai de duas filhas, perdeu uma delas em dezembro de 2017. Natalie suicidou-se. A mais velha, Emma, trabalha no escritório do círculo eleitoral do pai. Aí trabalha também, a tempo parcial, a mulher, Catherine Swindley, que lhe sucedeu como conselheira trabalhista de Adlington.

Cargo: Presidente do Parlamento britânico
Nascimento: 10/06/1957 (62 anos)
Nacionalidade: Inglesa