Leonor Poeiras: “Não gosto de ainda não ser a pessoa que quero ser”

Foto: Sara Matos/Global Imagens

Vejo bem… Gosto de ver o meu cabelo despenteado quando acordo, normalmente é quando está mais giro! Gosto de ver na pele que passo praticamente metade do meu tempo na natureza, ao ar livre: arranhões, bochechas vermelhas, mãos secas, verniz lascado… gosto de cuidar da minha pele quando volto. Gosto de ver que respeito a minha dignidade e a dos outros. Gosto de ver que estou a ficar ainda mais parecida com a minha mãe, a mesma pele, as mesmas mãos, comove-me muito porque ela morreu em 2014. Gosto da nova postura que o meu corpo está a tomar desde que comecei a fazer pilates. Gosto de ver o meu sorriso e de o oferecer todos os dias a quem é cordial, simpático, gentil. Mas ainda gosto mais de o oferecer a quem está a ter um mau dia e responde mal. É um bonito e simples gesto que pode realmente transformar o dia do outro. E também gosto quando fazem isso comigo…

Vejo mal… Não gosto de ainda não ser a pessoa que quero ser. Não gosto de ser uma mãe tão chata, não gosto de me zangar com o meu filho. Apesar de gostar da minha cara sorridente, não gosto dos meus maxilares desalinhados, tenho mordida cruzada, que aprendi a disfarçar. Não gosto de ser tão oito ou oitenta: uma energia infindável versus uma preguiça tremenda. Não gosto quando não durmo pelo menos oito horas. Percebe-se imediatamente por dentro e por fora. Mas não há nada que me irrite mais do que olhar ao espelho e ver que vem aí um herpes. É uma sentença de mais de uma semana sem poder dar um único beijinho na boca. Muito chato e desnecessário para uma romântica como eu…

Apresentadora e blogger
39 anos