Jovem fica paraplégica por causa de piercing no nariz

Texto de Ana João Mamede

Layane Dias era uma jovem brasileira como tantas outras. Estudava Recursos Humanos em Planaltina, Brasília, quando, em junho do ano passado, decidiu colocar um piercing no nariz. Tudo parecia estar a correr como previsto até que, um mês depois, reparou numa bolha vermelha que, no entanto, passado uma semana, desapareceu. Layane sossegou. Por pouco tempo. Dois dias depois, a brasileira começou a ter dores “insuportáveis” na coluna. Os problemas de saúde agravaram-se. Deixou de sentir as pernas e acabou por ser internada no hospital, onde, inúmeros exames depois, ficou a saber que tinha uma infeção no sangue e a espinal medula invadida por 500 mililitros de pus.

“Stafilococcus Aureus” era a bactéria responsável. Geralmente encontrada nas fossas nasais, pode, no entanto, causar diversas mazelas quando atinge a corrente sanguínea. Entrou no organismo da jovem através da infeção provocada pelo piercing do nariz e o pus foi o resultado da contaminação.

Foi operada de urgência. E, apesar do sucesso da intervenção, os danos eram irreversíveis. Layane não conseguia andar. “Depois da cirurgia, fiquei seis semanas internada e tive muito tempo para pensar. O verdadeiro choque foi ter de voltar para casa de cadeira de rodas”, lembra.

Em setembro, voltou para casa, onde mora com a mãe e a avó. Tem acompanhamento psicológico e faz sessões de fisioterapia. “Conheci outros jovens em cadeira de rodas e vi que posso ser feliz assim. Faço exercício e até jogo basquetebol e andebol”, contou agora, depois de, no final de janeiro, ter partilhado a história no Instagram.

“Foi a primeira vez que contei abertamente que um piercing me deixou paraplégica”, disse, emocionada. A publicação viralizou e ninguém ficou indiferente à história da brasileira. Layane, 21 anos, recebeu imensas mensagens de apoio e de solidariedade, bem como diversas ajudas financeiros, para que não desista do sonho de voltar a andar, ainda que os relatórios médicos sejam incertos.

Apesar de tudo o que aconteceu, a estudante universitária deseja que os amantes de piercings não se inibam. “Tenham cuidado. Conheçam muito bem o local onde o fazem, em termos de esterilização dos materiais, condições de higiene…”, afirmou a jovem, que não coloca a possibilidade de avançar com medidas judiciais contra o profissional que lhe fez o piercing.