Jorge Pelicano: “Vejo bem mostrar à minha filha que o verdadeiro Mundo não está nos ecrãs do telemóvel”

Foto: Orlando Almeida/Global Imagens

Vejo bem… O reconhecimento do cinema português nos festivais internacionais. Uma crescente oferta e diversidade cultural no interior do país. Tenho um grande fascínio por tudo o que é genuíno e não cede à pressão do tempo. Os quilómetros que faço para ir àquele longínquo restaurante onde o tomate ainda sabe a tomate. Ainda não cedo à tentação de ir pelo elevador, prefiro as escadas. Tenho um prazer imenso de viver a vida dos outros quando filmo as suas histórias. Mostrar à minha filha de dois anos que o verdadeiro Mundo não está nos ecrãs do telemóvel.

Vejo mal… A abstenção em Portugal e os que argumentam que não ir às urnas é uma forma de luta. Ignorarmos o crescimento aberrante dos populistas que ganham espaço na Europa. As crianças crescerem sem tempo para brincar e serem crianças. Aqueles que ainda hoje pensam que não vale a pena reciclar. O preconceito social para com a música ligeira portuguesa. Alguns responsáveis políticos não terem percebido que é preciso mostrar filmes nas escolas, estimulando junto dos mais jovens o olhar cinematográfico. O abandono da sala de cinema pela sala de estar.

Cineasta
42 anos