Jorge Almeida Costa: um cidadão, um socorrista

A primeira reanimação de Jorge Almeida Costa foi feita há 20 anos, quando teve de prestar auxílio à sua mãe. (Foto: Adelino Meireles/Global Imagens)

Texto de Célia Soares

Jorge Almeida Costa é formador e técnico do INEM e tem bem presente na memória o dia em que, pela primeira vez, teve que reanimar uma pessoa. “Foi a 13 de março de 1999 e a data ficou-me marcada não só porque era a minha primeira reanimação, mas porque a pessoa que precisou dessa ajuda era a minha mãe”, recorda, acrescentando que foi por esse motivo que escolheu a mesma data para, 20 anos depois, lançar oficialmente o projeto Eureca Internacional.

“Uma iniciativa que não pretende substituir, mas antes servir de complemento à formação certificada” e cujo objetivo é “sensibilizar, formar e alertar as pessoas para uma cidadania ativa”. Para isso, “basta arranjar uma desculpa e juntar as pessoas”, quer se trate de um grupo de amigos, vizinhos – até uma reunião de condomínio pode servir -, empresas ou famílias que estejam a comemorar, por exemplo, um aniversário.

De mochila às costas, Jorge vai ao encontro daqueles que querem aprender. “Para ensinar coisas muito básicas, como a forma de controlar uma hemorragia ou como ajudar numa situação de obstrução da via aérea, vulgarmente chamada de engasgamento.” E o objetivo é simples: “Fazer cumprir um princípio que a Cruz Vermelha tem há muitos anos, e que diz: Um cidadão, um socorrista”.

Consciente de que, “infelizmente, só depois de passarem por situações deste género é que as pessoas ficam sensibilizadas para a importância deste tipo de conhecimentos”, Jorge assegura que “com gestos simples é possível fazer a diferença”. Sem medo das palavras, o técnico explica: “Sabemos que o facto de alguém dar início às manobras de reanimação nem sempre é o suficiente para socorrer uma pessoa. Mas também sabemos que se não fizermos nada, aí sim ela será um cadáver dentro de poucos minutos. E essa atitude tem de ser tomada pelas pessoas que estão com a vítima”.

Assim, e como nem sempre há um médico, um bombeiro ou um enfermeiro por perto, “o ideal é que toda a gente saiba como agir em situações destas”. Prevenir é, portanto, a palavra de ordem. E essa é uma tarefa que, para o técnico, deve ser considerada por toda a sociedade. “Atualmente, as estações de metro estão equipadas com equipamentos DAE (desfibrilhação automática externa), mas ainda há muitas instituições, incluindo algumas escolas superiores de saúde, que não têm esses equipamentos. Por isso, temos de continuar a apostar na sensibilização.”

E deixa o alerta: “Nós olhamos para esses investimentos como uma despesa. Mas quanto é que custa uma vida?”.